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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Uma noite em 67 - O festival que mudou tudo


A edição 156 da revista "Bravo!" nos brindou esse mês com uma bela capa que representa de forma genial e emblemática o documetário "Uma noite em 67". Temos aqui representado o confronto das idéias revolucionárias do tropicalismo de Caetano com a mais sofisticada das músicas-das poesias brasileiras de Chico Buarque.  Estes conflito parece mediado pelo olhar pacificador-conciliador de Gilberto Gil.
Se (de acordo com o filme e nas palavras do autor do artigo da revista Bravo!) "existem momentos em que tudo muda, mas muda mesmo", essa foto representaria a mudança mais radical na história da nossa música popular. Eu não acredito que o projeto (que inclui Elis, Edu Lobo, Tom e Vinicius, etc) onde o Chico se incluiria foi suplantado pela radical transformação da dupla Caetano e Gil. Basta olhar a obra desse três compositores-cantores e perceberemos que há uma complexa trama que enlaça todos os aspectos presentes na nossa cultura.
Eu também não concordo que esse festival tenha sido responsável por mudar tudo. Pois, se assim pensasse seria obrigado a ver a História não como um processo mas num jogo mecânico de fato-causa-consequência. A mudança que podemos perceber  no III Festival da Record foi iniciada muito antes. E o resultado dessa noite não pode ser visto como uma simples separação dicotômica puristas e modernos, ou melhor, entre aquela música que não aceita a guitarra elétrica e a nova música pop (eletrificada) brasileira.
Também acho que o jornalista da Bravo! exagerou ou identificar o III Festival da Record com uma versão anos 60 do Big Brother. É exagerado dizer que esse fã identificado muito mais com o artista do que com a música faz parte do universo dos festivais. Esse fã (que comprava a revista Intervalo) era muito mais da Jovem Guarda do que da Era dos Festivais. Se houvesse tal idolatria direcionada por um (pré) Big Brother o Caetano Veloso não teria sido massacrado num festival posterior ao tentar cantar "É proibido proibir". E se tal fã de fato existisse a linda canção de Tom Jobim e Chico Buarque, Sabiá, não teria recebido uma vaia tão grande ao vencer um festival.


Contatos: Ronaldo Campos campos.ronaldo5@gmail.com

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.