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domingo, 16 de outubro de 2011

Lugares & Imagens de Minas Gerais: a Casa da Glória, Diamantina

John Rosci  e Pedro Falci foram responsáveis pelos mais belos cartões postais de Minas Gerais. Entre os seus projetos podemos destacar o Passadiço da Glória. Certamente, aqui há uma forte influência da Ponte dos suspiros, da bela cidade italiana, Veneza.

O Passadiço da Glória foi construído por volta do ano de 1878 para servir de elo para dois belos casarões da famosa rua da Glória, onde funcionavam um educantário e um orfanato. O passadiço era utilizado pelas alunas do colégio interno. Existe uma certa controvérsia sobre a função dessa "ponte": não se sabe com certeza se ele foi  foi construído apenas para facilitar o trânsito entre os prédios ou se a função era esconder as jovens dos rapazes. Na época, os estabelecimentos eram supervisionados pelas Irmãs da Ordem de São Vicente de Paula.

A Casa da Glória serviu como lugar para  hospedar personagens históricos célebres, tais como os  viajantes estrangeios Auguste Saint Hilare (1817), Barão Ludwig Eschwege (1811), Georg Langsdorff (1824), J.B von Spix e Carl F. P. von Martius (1818) e Richard Burton (1867). Depois que foi estabelecido o  Bispado de Diamantina, a Casa da Glória foi transformada em residência oficial de Dom João Antônio dos Santos. Por volta de 1867, o local mudou novamente de função, tornando-se o Educandário Feminino Nossa Senhora das Dores, sob a direção das religiosas vicentinas , funcionou até 1979.




O outro prédio (a casa que fica a frente e que foi ligada ao educandário em 1887, por um passadiço)  foi construída em 1850, a pedido do coronel Rodrigo de Souza Reis. Segundo o Cônego Mata Machado, as madeiras utilizadas na construção foram vindas das chácaras (que já estava em ruínas)
de Chica da Silva, referência aqui a escrava alforriada que viveu uma história conturbada com o contratador da Coroa Portuguesa , João Fernandes de Oliveira Filho.







Provavelmente, a influência mais forte tenha sido a Ponte dos Suspiros, mas é possível encontrar outras construções  bem semelhante a da cidade mineira de Diamantina. Por exemplo, na foto abaixo observamos a mesma estrutura arquitetônica (só que agora localizada numa cidade medieval da Espanha).








 

Todas as fotos by Ronaldo Campos






quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Belo Horizonte - Lugares & Imagens (O que sobrou dos cinemas brasileiros)

fotos Ronaldo Campos

O Cine São Cristovão  (Belo Horizonte) localizava-se na avenida Antônio Carlos, próximo do Conjunto IAPI. Deixou de ser cinema (logo no início da década de oitenta) e se tornou Igreja Evangélica. Foi demolido para a duplicação da Avenida Antônio Carlos.  Essa foto foi feita pouco antes da sua demolição (foto by Ronaldo Campos).


fotos Ronaldo Campos



 
Cine Roxy (Belo Horizonte) localizava-se na avenida Augusto de Lima, no bairro Barro Preto. Nesse cinema, desde os anos oitenta  (junto com o Pathe) exibia o melhor do cinema de arte da época. Quando o crítico de cinema Paulo Arbex morreu, o cine Roxy passou a exibir (junto com o Pathé e o Odeon) o festival Paulo Arbex (uma seleção dos melhores filmes do ano). Ao longo do ano, também exibia seleções temáticas de filmes (novos e antigos). Depois de desativado, virou desde ringue de patinação no gelo até lojas populares de roupa. (foto by Ronaldo Campos)




fotos Ronaldo Campos


O Cine Odeon era propriedade da companhia de  Cinemas e Teatros de Minas Gerais S/A. Localizado na avenida do  Contorno, 1328. Foi fundado no ano de 1947. Tinha aproximadamente  939 lugares.Nos áureos tempos, em funcionamento  diário, chegou a ter a média anual de 522 sessões com mais ou menos 181.866 espectadores. Teve um destino trágico: transformou-se um igreja universal. Mas, isso durou pouco tempo e hoje é um espaço LGBTT. (foto by Ronaldo Campos)



 
fotos Ronaldo Campos


Do cine Floresta restou a fachada. Hoje é uma mistura de sapataria e igreja universal. Localiza-se na avenida do Contorno, no bairro Floresta.

Belo Horizonte: Imagens & Memória (esquecimento): o cine Candelária

Belo Horizonte já foi famosa pelos seus cinemas. A capital mineira tem uma grande tradição na formação de críticos, atores e diretores de cinema. Inúmeros eram os cine-clubes e havia cinemas em praticamente todos os bairros importantes. Mas, desde o final dos anos setenta os cinemas foram fechando. No seu lugar, surgiam estacionamentos, super mercados e igrejas evangélicas. Belo Horizonte foi ficando cada vez mais triste... hoje, só existe cinema dentro de centro de compras. E nesses lugares não há espaço para a diversidade. Os mesmos filmes são exibidos em todos os shopings.
Alguns cinemas só preservaram a fachada. Outros como o Candelária sobrou apenas vestígios do que era. Se a partir dos anos oitenta do século passado, o cine Candelária se especializou em filmes adultos. Nos anos sessenta, foi o lugar do melhor filme europeu. Junto com o Art Palácio (hoje transformado numa loja de departamentos) o melhor do cinema de arte foi exibido nesse local.




by  Ronaldo Campos
 Fotos

O cinema Candelária teve a sua inauguração em 11 de Dezembro de 1952. Localizado, na Praça Raul Soares,  nos anos dourados, foi considerado um dos maiores e mais confortáveis cinemas da capital mineira.
Devido a um incêndio (ainda não muito bem explicado, pelo menos para mim), encontra-se em ruínas. No lugar dos filmes, serve hoje como um estacionamento. 

Imagens & Lugares - Belo Horizonte - Expominas

O  Centro de Feiras e Exposições George Norman Kutova  é mais conhecido como Expominas. É um  projeto  assinado pelo arquiteto Gustavo Penna.  A sua construção se deu  em duas etapas: inicialmente,  em 1998, ainda no Governo de Eduardo Azeredo, foi administrado pela Codemig. Depois, num segundo momento (segundo semestre de 2003),  comandado pela Prominas. Foi ampliado recebeu as mais modernas estruturas para atender  necessidades do  Turismo e Negócios. Foi reinaugurado em 16 de fevereiro de 2006 pelo então governador Aécio Neves.
O Expominas é uma grande  (e justa) homenagem  para  George Norman Kutova, um dos maiores incentivadores do turismo de negócios em Minas Gerais. O Expominas está localizado no bairro da Gameleira (região oeste da capital mineira). É formado por três grandes espaços para realização de eventos no estado de Minas Gerais, tais como, feiras ou outros acontecimentos de  grande porte (congressos de âmbito nacional e internacional, por exemplo) com o objetivo de proporcionar lazer e entretenimento. Tem capacidade para 50.000 pessoas.

Fotos by Ronaldo Campos


terça-feira, 4 de outubro de 2011

CQC = Censura Censura Censura



Todo mundo acredita que o Brasil é uma república marcada pela igualdade. Mas, isso é pura ilusão, pois a igualdade no nosso país é juridica e não uma igualdade plena-absoluta! O que significa que somos iguais perante a lei, ou seja, nenhum de nós está acima  da lei. Mas, a mesma lei que garante um certo tipo de igualdade, define também o direito a propriedade e a diferença entre as pessoas. Somos diferentes e o nosso agir na sociedade  varia de acordo com as nossa propriedades (material e intelectual). Por mais que eu acredito no poder do sujeito de construir a própria história (de ser senhor do seu próprio destino), sei que há pessoas que têm mais poder determinam o que pode ou não ser feito. Eu não sou igual ao Luciano Huck ou ao filho do Roberto Marinho! Existe diferença sim entre as pessoas: algumas são consideradas melhores do que outras (e o "ser melhor" significa "ter mais").  Por exemplo, o cantor Roberto Carlos retirou do mercado o livro de Paulo Cesar de Araujo apenas por não ter gostado do livro. Em momento algum do processo, o cantor da jovem guarda não apresentou nenhum dado (nenhuma inverdade sobre ele) que tivesse sujado a sua imagem. Mas, como o filho de Lady Laura é o maior (o rei) do Brasil: ele faz o que quer. E o direito a liberdade de expressão! Será que esse direito existe para todos ou existiria apenas para aqueles que são bem nascidos? Não podemos ler o que queremos, não podemos escrever o que pensamos, não podemos rir e muito menos pensar!
Mas, somos persistente! E é certo que podemos até fazer algumas piadas (umas de bom gosto, outras nem tanto). Várias personalidades (ou até mesmo alguns tipos da sociedade brasileira) são alvo de tais piadas. Quem nunca riu de piadinhas de loiras, portugueses, gagos, gays, negros ou deficientes? Quem nunca riu ou contou uma piada sobre a Geyse Aruda, o Dado, a  a Bruna, surfistinha, a Angela Bismarchi, o Clodovil? Rir do outro é fácil, mas será que é possível rir de algo que para nós é tão importante? Quando tentaram fazer humor com o islamismo, lembra a confusão que isso gerou?
Por exemplo, se a piada for feita com a mulher do dono de uma rede de televisão ou com a filha de uma grande personalidade, muito bem casada e com boas relações de amizade, a situação muda de figura. Não se pode falar de certas pessoas ou de certos assuntos associados a essas mesmas pessoas. Isso em virtude do fato de que a piada (mesmo endereçada a "mulher do dono") acaba sendo vista como uma agressão ao homem (ao marido). Por exemplo, no caso do Rafinha Bastos e da quase cantora Wanessa, não foi a "neta de Francisco" que foi desrespeitada,  mas, o seu marido e os amigos de seu marido. Imagina como ficou o  Buaiz (diante de todos os seus amigos), quando o comediante disse que a mulher dele é tão bonita que "ele  comia tudo" ( = mantinha relações sexuais mesmo com ela estando grávida).  Numa sociedade machista como a nossa, imagina o mal estar ao falar dessa forma da sua mulher... Imagina que o marido não podia controlar o pensamento de outros homens sobre a sua mulher... Como não se pode controlar o que os outros estão pensando, então o marido humilhado pelo humorista utiliza os recursos que tem: o poder econômico, a informação e os contatos sociais. E, assim, ele dá o ultimato: ou o comediante é punido ou então os anunciante irão sair do ar! E assim caminha a humanidade cada vez mais alienada e censurada!


O Velho Chico - Exposição e fotos


fotos by Ronaldo Campos

Uma das exposições mais instigante dos úlbimos tempos não foi de um artista tradicional, mas de um grande estilista e criador cultural:  Ronaldo Fraga, o mago das pasarelas do São Paulo Fashion Week.
O tema da exposição era o rio São Francisco e o título da mostra era " Rio São Francisco - navegado por Ronaldo Fraga" (Belo Horizonte - Palácio das Artes - 2010).
Em primeiro lugar, gostaria de dizer o quanto a exposição me emocionou, pois, foi justamente a partir de uma viagem pelas cidades localizadas próximas do velho chico que descobri de fato o nosso país (aqui no blog coloquei algumas fotos dessa viagem ao lado de fotos da apresentação da exposição no Palácio das Artes). Foi uma longa viagem desde a origem em Minas Gerais passando pelos estados nordestinos da Bahia, Alagoas e Sergipe.
A exposição do Ronaldo Fraga me pegou "de jeito" logo pela apresentação no lado externo do Palácio das Artes. O olhar de Ronaldo Fraga do rio, das populações, das modas e modos  interpretados pela descortina inúmeras possibilidades e se torna um importante instrumento cultural. São  13 ambientes, no melhor estilo das instalações de arte contemporânea das bienais. Em objetos do cotidiano redefinidos na estrutura do espaço da arte ganham um novo sentido e abrem uma janela para compreender a alma desse povo. O viver e o sentir de tais pessoas representados por 16 vestidos são redimensionados pelo ecoar da  voz da cantora Maria Bethânia ao declamar o belo poema “Águas e Mágoas do rio São Francisco”, de  Drummond.


fotos by Ronaldo Campos

domingo, 2 de outubro de 2011

imagens antigas

adoro Diamantina

Axé in rio

Todo ano é a mesma coisa.... Um monte de desocupados ficam dizendo o que está certo ou errado. Dessa vez, parece que a vítima é a Cláudia Leite. No melhor estilo Emilinha e Marlene, a pseudo crítica musical tem que acabar com a Cláudia para a Ivete brilhar. Por que as duas não podem brilhar... É mesmo necessário destruir totalmente o show de Cláudia Leite... para que o da Ivete fosse levado para o Olimpo da música.

Só que a loira do axé não ficou calada e resolveu botar a boca no trombone. 
Cláudia Leite disse que canta até Led Zeppelin e que cresceu ouvindo rock. Além de apresentar um show de qualidade e muito empenho. O que não ocorre com algumas das estrelas internacionais que trazem uma versão reduzida do que apresentam lá fora e ainda desrespeitam o público brasileiro com longos atrasos. Mas parece que isso não é suficiente para os puristas de plantão. Eles querem no palco do rock in rio o verdadeiro rock... Mas será que isso existe?????? E o que define esse tal de rock?????? Guitarras distorcidas, canções de protestos, três acordes, melodia cativante,  rebeldia, forte e insistente contratempo ?????? Só para começar tenho que lembrar que guitarras distorcidas ou canções de protesto pode ser encontradas até no show e no disco da Xuxa ou da Thalia!!!!!
Todos nós sambemos que o estilo ou gênero musical Rock é muito  abrangente. E desde que surgiu oficialmente em meados do século passado em terras estadunidenses há uma infinidade de  subgêneros. Quem nunca ouviu falar de  folk rock, blues-rock ,  jazz-rock, samba-rock, soft rock, glam rock, heavy metal, hard rock, rock progressivo e punk rock. Isso sem contar os gêneros como a soul music, o funk e de diversos ritmos de países latino-americanos. Ainda naquela década, o rock gerou uma série de outros subgêneros, tais como  
Se a Cláudia Leite não pode fazer um show nesse festival do Rio, quem pode então???? Quem faz o verdadeiro rock brasileiro????
Para quem não sabe a mesma pessoa que gravou o álbum Tire seu sorriso do caminho que eu quero passa com a minha dor gravou a primeira versão de Rock around the clock. A nossa primeira roqueira foi a diva da dor de cotovelo: Nora Ney (a mesma que gravou Ninguém me ama, ninguem me quer).

Esse dado serve para lembrar que no Brasil as coisas não são tão tradicionais como os detratores do show de Cláudia Leite quer. O Brasil é um lugar onde tudo praticamente foi importado. Se você quiser de fato um estilo 100% brasileiro terá que buscar no meio dos índios que aqui viveram antes de Cabral. Tudo o que nós temos foi importado da Europa, África ou Ásia. Nós tornamos esses elementos essencialmente brasileiros ao agir como os índios que "comeram" o bispo Sardinha. A antropofagia tão bem apresentada pelos modernistas nos mostra o quanto podemos transformar aquilo que não é nosso em algo tipicamente brasileiro. A Cláudia, a Ivete, a Daniela.... fazem isso divinamente. Assim, como fizeram Elis, Tim Maia, Sa e Guarabira e praticamente todos os nossos grandes artistas.

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.