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terça-feira, 6 de março de 2012

O QI de uma modelo...


Outro dia, no consultório de um dentista, vi uma revista Veja tão antiga. Nesse verdadeiro documento histórico, fizeram  uma crítica a fala de uma determinada modelo. Pesquisei e depois resovi escrever sobre esse fato da vida da ex-mulher do fenômeno.

A frase "Toda modelo é burra" certa vez foi usada como forma de Protesto por uma agência da capital federal para questionar a fala da Daniele Cicarelli. Acontece que essa frase serve para julgar certas pessoas. Na época, a agência publicitária afirmou genericamente que toda modelo é burra por que no programa global do Jô Soares, a "modelo" Danielle Cicarelli disse que "rouba" tão bem no jogo que parece ter nascido em Brasília, o seu objetivo não era criar uma imagem negativa que deixaria para todo o sempre uma enorme mácula sobre toda a capital federal. Pelo contrário, era uma simples piada como tantas outras que ouvimos diariamente que são construídas a partir de generalizações e estereótipos. MAS POR QUE JUSTAMENTE A PIADA DA DONA "CICA" FOI TÃO POLÉMICA? A resposta é simples: preconceito"


Se não for por preconceito como explicaria tanto alvoroço em torno de uma simples gafe proferida por uma “modelo” num programa de TV? Será que esses senhores nunca leram as colunas do José Simão na Folha de São Paulo ou ouviram os comentários do Arnaldo Jabor na Globo? Ou será que a “modelo” é tão nefasta quanto o orador Cícero foi para Catilina?

Posso responde de uma forma bastante simples: tudo não passa de mais um ato de discriminação contra a mulher. Ou seja, temos na “brilhante” frase criada pela tal agência de publicidade mais um exemplo de preconceito de gênero.

Se a frase dita por Cicarelli tivesse sido de um homem, com quase cem por cento de certeza, não teria gerado tamanha repercussão. Se isso não for verdade, então por que a práxis de tantos humoristas e apresentadores que já brincaram com a má fama de Brasília em inúmeras situações não tiveram o mesmo destino? A diferença é que Cicarelli pertence ao gênero feminino e (para muitos homens ainda hoje) política não é coisa de mulher. Quando uma modelo resolve brincar com tal tema, segundo tais senhores, essa mulher deve ser advertida de forma exemplar para que nenhuma outra siga o seu exemplo. Vocês já pensaram se amanhã num programa vespertino a Carla Perez e a Lacraia resolverem discutir política... Para tais senhores, isso seria o fim do mundo...

Tenho certeza que muitos estão vendo na minha fala algo parecido com a teoria da conspiração. Será que eu estou vendo preconceitos por todo lado?

Mas se mudássemos a frase construída por tal agência com o objetivo de dar ênfase a outro aspecto da carreira ou formação da Daniella Cicarelli. Visto que segundo o site da modelo “antes, [ela] cursava Administração de Empresas e fazia pequenos trabalhos. [segundo depoimento pessoal:] ‘Acabei me tornando modelo por insistência’.” Além desse curso, sabemos que ela foi (e é) atriz (fez novela na Globo), atleta, apresentadora de TV... Então, se a frase publicada em jornais de circulação nacional fosse “TODA ALUNA DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO É BURRA” ou “TODA ATRIZ É BURRA” ou “TODA APRESENTADORA É BURRA” ou “TODA ATLETA É BURRA”. Qual teria sido o efeito?

Por que escolheram a frase “TODA MODELO É BURRA”? Talvez seria pelo fato de ser uma profissão dominada por mulheres? Ou talvez seria pelo fato da carreira de modelo está vinculada a beleza e este é um atributo tipicamente feminino?

Em suma, vocês mandaram um recado para a Cicarelli endereçado também a todas as mulheres deixando claro que não se deve se intrometer em assuntos de homens. Ela e as outras devem se preocupar apenas com frivolidades, amenidades, no máximo, com assunto dos cadernos de cultura...

E, depois dizem que vivemos numa democracia com liberdade de imprensa. A tal da liberdade até que existe... Mas apenas para alguns senhores que vivem segundo as regras criadas por eles e para eles na mais perfeita dentre todas as cidades brasileiras... Não se esqueça que o modelo ideal de democracia é o da cidade grega de Atenas. E lá mulheres, escravos e estrangeiros não tinha acesso ao mundo da polis.



Quem sou eu

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.