Páginas

Pesquisar este blog

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Notas e observações sobre ética e moral

A Ética é a parte da filosofia que tem por objetivo refletir o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e de injusto, abrangido as normas morais e as normas jurídicas. Nas ultimas décadas, temos observado um uso generalizado dos termos ético e moral. Os meios de comunicação, os políticos, a publicidade, as instituições de ensino, ou seja, uma parcela significativa da sociedade utiliza esses termos nas mais diversas situações. Esse uso generalizado levou a um a banalização esvaziamento desses conceitos.


A principio podemos afirmar que os termos ética e moral são na verdade sinônimos. Eles têm uma origem etimológica distinta e com o passar do tempo O primeiro (que pode ser traduzido como “costumes”) e o segundo é de origem latina (mos, moris). Para entendermos o significado das palavras ético e moral é necessário resgatar o sentido em que era aplicado na antiguidade grega. A palavra ética é originada do grego ethos, ou seja,

“é uma transliteração dos dois vocábulos gregos ethos (com eta inicial) e ethos (com épsilon inical). (...) se a eles acrescentarmos o vocábulo hexis, de raiz diferente, teremos definido um núcleo semântico a partir do qual será possível traçar as grandes linhas da Ètica como ciência do ethos.



O conceito ética, como nos mostra VAZ (2003) vem do grego ethos, Ethos (com eta inicial) e pode ser entendido como morada do homem (e dos outros seres de modo geral), isto é, o ethos é a casa do homem é de origem grega. De um modo geral é comum usar o conceito de ética e moral como sinônimos ou, quando muito, a ética é definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou então os princípios que norteiam estas práticas. Quando se diferencia a ética da moral, geralmente visa-se distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e convenção social dos princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. Assim, o conceito de ética é usado aqui para se referir à teoria sobre a prática moral. Ética seria então uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral dimensão prática.



Ética só pode existir no singular, uma vez que pertence à natureza humana, presente em cada pessoa. A moral, por seu turno, sempre é vista em plural, pois, são as diferentes formas de expressão cultural da ética.

As normas morais surgem quando as questões éticas são colocadas pelos indivíduos ou grupos sociais e respondidas apenas por suas consciências (individual e coletiva). As normas da sociedade são os meios pelos quais os valores morais de uma sociedade são expressos e adquirem um caráter normativo, isto é, obrigatório. Normas, normativo, normal, moral e costumes são palavras que estão interligadas em torno da questão ética.

Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma norma prática. E, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.

Não é raro na história o surgimento de filósofos ou profetas que propõem um sistema ético criticando a moral vigente e propondo uma revolução nos valores e normas estabelecidas da sociedade.

Nós somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas morais para possibilitar a convivência social, porque somos seres não determinados pela natureza ou pelo destino/Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos a diferença entre o ser e o dever-se e a vontade de construir um futuro diferente e melhor do que o presente. Para esta construção não bastam boas intenções, mas também um controle sobre os efeitos não intencionais das nossas ações e o conhecimento de que o questionamento moral pressupõe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da coletividade.

A consciência ética que surge desse conjunto é diferente de uma simples assimilação de valores e normas morais vigentes na sociedade. Ela surge com a "desconfiança" de que os valores morais da sociedade – ou os meus – encobrem algum interesse particular não confessável ou inconsciente que rompe com as próprias causas geradoras da moral. Ou então surge da desconfiança de que interesses imediatos e menores são colocados acima dos objetivos maiores, os interesses particulares acima do bem da coletividade, ou que é negada aos seres humanos a sua liberdade e a sua dignidade em nome de valores petrificados ou de pseudoteorias.

Ética é para nós uma dimensão que nos permite o questionamento sobre as práticas, atitudes, regras e ações humanas. Para que este questionamento seja possível é necessário saber qual o critério que estamos usando para avaliar a ação humana. O critério que assumimos é a própria vida humana. Partimos do princípio de que as sociedades existem para garantir a sobrevivência dos seres humanos e, mais do que isso, uma existência digna com acesso a tudo que seja necessário ao seu pleno desenvolvimento.

A função social da moral é exatamente contribuir na obtenção desse objetivo, normalizando as relações entre os seres humanos entre si, com a comunidade e com a natureza. Sendo assim, a vida deve ser o critério para avaliar as atitudes da sociedade e dos indivíduos. Além desse critério devemos considerar que a ética exige mudanças de atitudes. Hoje mais do que nunca a humanidade se dá conta de que vivemos em um mundo globalizado, onde as ações de um repercutem diretamente na vida dos outros. Esta constatação é mais visível quando pensamos nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra, que são todos problemas onde as repostas individuais ou grupais não conseguem resposta construída com a participação de todos os grupos envolvidos. O que exige a construção de uma ética com princípios e valores aceitos por todos e válidos para todos, apesar de todas as diferenças.Igualmente distante do individualismo e do essencialismo está a ética da responsabilidade. Nessa perspectiva cada grupo social determina consensualmente os padrões de conduta que devem ser seguidos pelos indivíduos desse grupo. Estes padrões, porém, não devem ser vistos como universais e imutáveis, mas sim relativos a cada situação determinada e sempre sujeitos a mudanças, caso a comunidade as julgue necessárias.



Bibliografia

VAZ, Henrique C. de Lima. Escritos de filosofia II. São Paulo: Loyola, 2003.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Kant - Crítica do Juízo


Kant - Crítica do Juízo





Segundo Kant, “arte se distingue da natureza, como fazer (facere) do agir ou atuar em geral (agere), e o produto, ou a conseqüência da primeira, como obra (opus), da segunda como efeito (effectus).

-De direito, somente a produção por liberdade, isto é, por um arbítrio, que toma como fundamento de suas ações a razão,deveria denominar-se arte. Pois, se bem que gostem de denominar o produto das abelhas (os favos de cera regularmente construídos) uma obra de arte, isso ocorre, no entanto, somente em analogia.

“Vê-se também uma arte em tudo aquilo que é de tal índole, que é uma representação do mesmo em sua causa deve ter precedido sua efetividade (como mesmo nas abelhas), sem que no entanto o efeito possa ser justamente pensado por ela; quando, porém, se denomina algo uma obra de arte, pura e simplesmente para distingui-lo de um efeito natural, entende-se por isso, toda vez, uma obra dos homens”. Em todas as artes livres para Kant, “é requerido algo de coativo ou, se como costuma denominá-lo, um mecanismo, sem o qual o espírito, que na arte tem de ser livre e é o único que vivifica a obra, não teria nenhum corpo e se evaporaria inteiramente”.

Para Kant, em “um produto da bela-arte é preciso tomar consciência de que é arte, e não natureza; mas no entanto a finalidade na forma do mesmo tem de parecer tão livre de toda coação de regras arbitrárias, como se fosse um produto da mera natureza. Sobre esse sentimento da liberdade no jogo de nossas faculdades-de-conhecimento, que contudo ao mesmo tempo tem de ser final, repousa aquele prazer, que é o único universalmente comunicável, sem contudo fundar-se sobre conceitos. A natureza era bela, se ao mesmo tempo aparecia como arte; e a arte só pode ser denominada bela se temos consciência de que ela seja arte e contudo, ela nos aparece como natureza”.

No “tocante à beleza natural ou à beleza da arte: belo é aquilo que apraz no mero julgamento (...). Ora, a arte tem toda vez uma intenção determinada, de produzir algo. Se isso, porém, fosse uma mera sensação (algo meramente subjetivo), que devesse ser acompanhada de prazer, esse produto, no julgamento, aprazeria somente mediante o sentimento-de-sentidos. (...)

Portanto, a finalidade no produto da bela-arte, ainda que seja intencional, não deve no entanto parecer intencional; isto é, bela-arte tem de ser considerada como natureza, ainda que se tenha consciência dela como arte. Como natureza, porém, um produto da arte aparece porque se encontra nele toda pontualidade na concordância com regras, somente segundo as quais o produto pode tornar-se o que ele deve ser; mas sem meticulosidade, sem que a forma acadêmica transpareça, isto é, sem mostrar um vestígio de que a regra esteve diante dos olhos do artista e impôs cadeias aos seus poderes-da-mente.”

Neste sentido, é o Gênio o “talento (dom natural) que dá à arte a regra. Já que o talento, como faculdade produtiva inata do artista, pertence, ele mesmo, à natureza, poderíamos também exprimir-nos assim: gênio é a disposição natural inata (ingenium), pela qual a natureza dá à arte a regra”

Kant divide as belas-artes em: artes elocutivas; artes figurativas; arte do belo jogo das sensações.

No segundo tipo, artes figurativas ou da expressão das idéias na Intuição Sensível são, seja as da verdade sensível (plástica), ou da aparência sensível.(pintura). Ambas fazem de figuras no espaço a expressão para Idéias: aquela dá a conhecer figuras a dois sentidos, à vista e ao tato(embora a este último não em intenção de beleza), esta somente ao primeiro. A Idéia estética (arquétipo, imagem originária) está, para ambas, na imaginação, como fundamento; a figura, porém, que constitui a expressão da mesma (éctipo, cópia) é dada, seja em sua extensão corporal (como o próprio objeto existe) ou segundo o modo como ela se pinta no olho (segundo sua aparência em uma superfície); ou, o que é também o primeiro caso, é feita condição para a reflexão, seja referência a um fim efetivo, ou somente a aparência do mesmo.

A plástica, como a primeira espécie de belas-artes figurativas, pertencem a escultura e a arquitetura. A segunda é a arte de expor conceitos de coisas, que somente por arte são possíveis e cuja forma não tem a natureza como fundamento-de-determinação, mas um fim arbitrário, com esse propósito, mas também, ao mesmo tempo, com finalidade estética. Na primeira é a mera expressão de Idéias que é a principal. Uma mera obra-de-figuração, que é feita exclusivamente para a intuição e deve agradar por si mesma, é, como exposição corporal, bela imitação da natureza, mas em vista de Idéias estéticas; nas quais, pois, a verdade sensível não pode ir tão longe, a ponto de fazê-la deixar de aparecer como arte e produto do arbítrio

A arte pictórica, como a segunda espécie de artes figurativas, que expõe a aparência sensível artisticamente vinculada com Idéias, eu dividiria na da bela descrição da natureza, e na bela composição de seus produtos. A primeira seria a pintura propriamente dita, a segunda a jardinagem ornamental. Pois a primeira dá somente a aparência da extensão corporal; a segunda, decerto, a dá segundo a verdade, mas somente a aparência de utilização e uso para fins outros do que meramente para o jogo da imaginação na contemplação de suas formas.

LUKÁCS, George. “A questão Lógica do Particular em Kant e Schellin”. In: Introdução a uma Estética Marxista. - Sobre a Categoria da Particularidade; tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. - Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1968. pàgs. 03-34.

LUKÁCS, George. “A questão Lógica do Particular em Kant e Schellin”. In: Introdução a uma Estética Marxista. - Sobre a Categoria da Particularidade; tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder. - Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1968. pàgs. 03-34.


Segundo Lukács, a “primeira obra na qual o problema da particularidade - tipicamente consciente porém antiquíssimo em si mesmo - ocupa um lugar central é a Crítica do Juízo”.(p. 08) A “filosofia de Kant ( e nela, a Crítica do Juízo) não representa uma grandiosa e fundamental síntese à base da qual deve ser construída o pensamento posterior nem representa a descoberta de um novo continente, ‘uma revolução copernicana’ na história da filosofia. Ela é - e naturalmente, isso não é pouco - um momento importante na aguda crise filosófica desencadeada no século XVIII”.(p.08), isto é, “sua filosofia é mais um sintoma da crise do que uma tentativa realmente seria para dar-lhe solução”(p.09). Entretanto, não é um simples acaso que na 3ª Crítica venha a ser colocadas aquelas questões que uma nova ciência, a biologia, havia apresentado à filosofia, questões que obrigavam a despedaçar a moldura do pensamento coerentemente mecanicista das correntes dominantes da época”. Segundo Lukács, o surgimento da biologia como ciência está vinculado à luta pela evolução. Sendo assim, “é certo que o simples fato, o simples fenômeno da vida obriga Kant a ir além da metodologia da Crítica da Razão Pura”.(p.09). Kant, segundo Luckács, “precisa ir além daquela relação entre pensamento e ser que estabeleceu na Crítica da Razão Pura, na qual, sabemos, qualquer forma completa e realizada, qualquer princípio formador, só existe por parte do sujeito. Já que, entretanto, todas as categorias, todas as formas, são produzidas pela subjetividade criadora transcendental, Kant precisa, coerentemente, negar ao conteúdo ao mundo das coisas em si, qualquer princípio formador, só existe por parte do sujeito, ao passo que conteúdo daquela “afecção” que a coisa em si exerce através das sensações físicas, sobre o sujeito. Já que, entretanto, todas as categorias, todas as formas, são produzidas pela subjetividade criadora transcendental, Kant precisa coerentemente, negar ao conteúdo, ao mundo das coisas em si, qualquer caráter completo de forma, precisa concebê-lo como um caos que, em princípio, não possui ordem e só pode ser ordenado com as categorias do sujeito transcendental. (...) A classificação e a especificação obrigam Kant a ir além dessa concepção”.

“Na sua tentativa precedente de salvar a validade objetiva das leis naturais, da matemática da física - que em Kant é essencialmente mecanicista - do escândalo da filosofia e da razão humana universal’, das conseqüências extremas do solipsimo de um Berkeley ou de um Hume, ele fora constrangido a recorrer aos a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e do intelecto, que eram destinados a garantir a objetividade da estrutura formal do mundo exterior. Mesmo prescindindo dos limites ideológicos gerais dessa concepção, a estrutura do mundo exterior e das leis é toda ela modelada à baseada metodologia da matemática e da física (mecânica)”.(p.13-14). Lukács nos pergunta: então como é possível compreender o fenômeno da vida com essa aparelhagem conceptual? Para ele, Kant, pelo menos parcialmente, viu de forma clara a dificuldade e a expressou: “Na sua legislação transcendental da natureza, o intelecto se abstrai, porém de qualquer multiplicidade possíveis leis empíricas; e só leva em consideração as condições de possibilidade de uma experiência em geral segundo a forma delas. Nele, pois, não se encontra o princípio da afinidade das leis particulares da natureza” (p.14) Assim, o juízo tem por tarefa, no sistema kantiano, lançar uma ponte sobre esse abismo.

Introdução da Crítica do Juízo, seção VIII

O problema gnoseológico, segundo Lukács, “apesar de todos os limites das concepções de Kant a respeito da evolução surge em última análise da concreta problemática da biologia (organismo, vida, espécie, gênero, etc.). A completa recusa de qualquer cognoscibilidade desses fenômenos seria mais do que um agnosticismo gnoseológico: seria o reconhecimento da falência da ciência”(p.15)

O agnosticismo idealista subjetivo em Kant, não mais se referia apenas aos princípios mais abstratos de um conhecimento científico em geral e sim, direta e imediatamente, à própria praxis científica concreta”.

Segundo Lukács, Kant busca compreender os novos fenômenos com uma aparelhagem conceptual que vá além da mecânica e cai necessariamente na categoria da finalidade. Kant não intenciona fazer com que a finalidade desemboque aberta e diretamente na teologia. Também não pretende utilizar a finalidade como uma nova categoria para afastar as leis da causalidade, procurando antes, colocá-la de acordo com o sistema geral daquelas leis. Por isso, ele define a finalidade como “uma conformidade à lei do contingente como tal. Para Kant, só é necessário aquilo que pode ser conhecido a priori o restante é contingente. Assim, qualquer especificação, qualquer diferenciação ( tudo o que é singular e particular) deve necessariamente aparecer enquanto contingente. (p.18-19)

“Com a ‘conformidade a lei contingente, daquilo que é finalístico (o organismo), Kant não pensa absolutamente em eliminar a necessidade causal e a conformidade à lei, e sim conservá-la no seio da objetividade (possível, no seu sistema) da causalidade concebida à maneira mecânica”(p.19). A exigência de uma conformidade a leis dos organismos tem mais peso na medida em que Kant tem a exata sensação de que qualquer modo fenomênico concreto e específico da vida, considerado do ponto de vista da pura e simples conformidade às leis mecânicas, deve ter um insuprimível caráter contingente: ‘que a natureza, considerada como simples mecanismo, teria podido configurar-se de mil outras maneiras...” (p.20)

Para Lukács, a persistência de tal exigência ocorre porque a concepção kantiana metafísica e a-historica do mundo torna impossível uma justa compreensão do finalismo na vida orgânica. “Kant define o finalismo do seguinte modo: ‘uma coisa existe como fim da natureza quando é causa e existe como fim da natureza quando é causa e efeito de si mesmo (embora em duplo sentido)...” Daí resultaria, por um lado, que ela se produz a si mesma tanto como gênero quanto como indivíduo; e, por outro , que deve existir entre as partes uma conexão tal ‘que a conservação da parte e a conservação do todo dependam uma da outra’; que “as partes (relativamente a existência e a forma delas) só sejam possíveis através de sua relação com o todo”. Segundo Lukács, ao invés de Kant descobrir aqui uma nova forma superior dos nexos conformes a leis, ao invés de desenvolver dialeticamente daquilo que é mecânico a “força formativa” ( por ele contraposta à “força unicamente motriz” da mecânica), ainda uma vez mais o pensamento kantiano se prende a uma contraposição rígida, tão metafísica quando agnóstica, como vemos aqui: “Falando rigorosamente, a organização da natureza não tem, pois, analogia alguma com qualquer causalidade que conhecemos”(p.20-21)




Seção VIII da Crítica do Juízo



O “juízo estético é uma particular faculdade de julgar as coisas segundo uma regra mas não segundo conceitos”. “Assim , em Kant, a estética se torna não só subjetivista como também formalista: o afastamento do conceito importa na dissolução do conteúdo. (...) Em suma: a estética se transforma dessa maneira em um ‘parque reservado da natureza’, cuidadosamente isolado da esfera modo de consideração teleológico, não possui nenhuma ‘faculdade particular, mas é simplesmente o juízo reflexivo em geral’. É um conhecimento por conceitos, porém tal que não pode haver nenhum poder ‘objetivamente determinante’. Deste modo, a objetividade científica para a biologia é simultaneamente requerida e negada”(p.22)



terça-feira, 24 de abril de 2012

ARTE EDUCAÇÃO

Aprender ou ensinar arte é criar ou ressignificar arte no contexto didático; por isso, é necessário que o aluno viva arte na escola. Ler um determinado texto (seja ela visual, sonoro ou tátil) é um processo de atribuicao de significados, isto é, quando damos inicio ao processo de decodificação das estruturas de uma obra artística estamos estabelecendo relações entre as situações que nos são impostas pela nossa realidade e de nossa atuação frente a estas questões, na tentativa de compreendê-las e solucioná-las. A leitura se torna real quando estabelecemos tais relações. Certamente, quando estamos diante de uma obra de arte, esses três momentos acima citados não aparecem de forma estanque e independente. Eles são interdependentes. Também devemos ter claro que ao interpretar uma obra estamos produzindo um diálogo com o mundo: um debate entre uma forma formada ( a obra construída concretamente pelo autor) e uma foram formante (a interpretação/ a visão que temos dessa mesma obra). E quando mais nos familiarizarmos com as obras de arte, mais ampliaremos o nosso repertorio, a nossa compreensão e conhecimento de todo o processo de produção, fruição e interpretação da obra de arte, quer seja nos museus, galerias, meios de comunicação, nas reproduções encontradas em revista e livros didáticos, pois em muitos casos os originais se encontram indisponíveis para nós brasileiros.



domingo, 8 de abril de 2012

III OLIMPÍADA LATINO-AMERICANA DE FILOSOFIA

Com o objetivo de divulgar esse importante evento, resolvi transcrever integralmente um e-mail que recebi. Leia abaixo na integra os dados sobre a III Olimpíada de Filosofia.


________________________________________________________________________




APRESENTAÇÃO DA III OLIMPÍADA LATINO-AMERICANA DE FILOSOFIA

Ao levar em consideração que a paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos são os princípios dos jogos olímpicos, professores de filosofia do Brasil e do Uruguai empreenderam a iniciativa de promoção de um espaço para a sua realização. Assim, com um espírito de acolhimento das diferenças, as Olimpíadas de Filosofia pretendem convocar estudantes para um exercício de investigação solidária, num clima que pretende ser não de competição, mas de colaboração e de estímulo para o pensamento. Cultivando o verdadeiro espírito olímpico de superação de si mesmo num movimento de cooperação que favoreça o crescimento de todos, as Olimpíadas de Filosofia realizadas em cada um dos países consistem em encontros de diálogo filosófico, apresentações artístico-filosóficas e produções escritas individuais ou coletivas, das quais podem participar estudantes de Educação Secundária (Ensino Médio), de Escolas Técnicas, tanto de instituições públicas como privadas, assim como jovens não incluídos no sistema formal de educação. Um dos objetivos da edição 2012 é atrair professores e estudantes de outros países da América Latina, bem como dos vários Estados do Brasil.
A Olimpíada Latinoamericana de Filosofia corrobora das máximas da Olimpíada de Filosofia do Uruguai:
“¡Atrévete a pensar por ti mismo!” (Kant).
“Enseñar a graduar la creencia, y a diferenciar lo que se sabe y se comprende bien, de lo que se ignora, es tan  importante, como enseñar a saber...” (Vaz Ferreira).

OBJETIVO GERAL

Na Olimpíada Latino-americana de Filosofia procura-se, através da comunidade de indagação, incentivar o pensamento pessoal, o diálogo, o “dar-se conta” da existência e da importância do outro, com a finalidade de promover um encontro que gere a aproximação e o estabelecimento de um caminho em comum, visando à superação de problemas e dilemas humanos.
A Olimpíada Latino-americana de Filosofia tem como objetivos principais:
·         Fomentar o espírito crítico e dialógico entre os estudantes
·         Desenvolver nos jovens cidadãos o aprimoramento das habilidades de ler e escrever textos filosóficos, bem como de realizar diálogo filosófico em solidariedade investigativa
·         Favorecer o questionamento acerca dos dilemas centrais de nossos dias, cultivando uma postura filosófica diante da existência
·         Construir ambientes de intercâmbio cultural que favoreça o desenvolvimento de uma identidade latino-americana
·         Estimular nos jovens o diálogo entre os colegas latino-americanos e suas visões de mundo

OBJETIVOS EDUCATIVOS E FILOSÓFICOS
As Olimpíadas de Filosofia propõem como objetivos educativos:
·         Desenvolver nos participantes: capacidades e atitudes reflexivas e a aptidão para um pensamento autônomo
·         Expandir o pensamento criativo.
·         Aprofundar o pensamento crítico, lógico, argumentativo, respeitoso, autocrítico, dialógico, com valores, atento ao contexto.
·         Fomentar as habilidades necessárias para alcançar os objetivos anteriores.
·         Promover o pensamento solidário.
·         Desenvolver as habilidades necessárias para o trabalho de discussão e produção em grupo.
·         Impulsionar o pensamento dos problemas em profundidade, recorrendo aos grandes textos filosóficos. Com isso, ter a percepção e ação efetiva do e no seu contexto humano, cultural e social.

TEMÁTICA
A temática da III Olimpíada Latino-americana de Filosofia será a discussão dedicada e séria acerca do progresso, seu custo social e humano. A proposta é convidar os jovens a se debruçarem sobre o conceito de progresso, discutindo suas implicações e seus desdobramentos no contexto amplo da existência humana: Qual o custo social do progresso? O que significa crescer?
Entendemos que tal temática é urgente e nos convoca a todos a repensar nossa postura diante da vida, nossas escolhas diárias e nossas relações interpessoais. A temática escolhida pelos professores organizadores objetiva suscitar uma ampla discussão que possa abarcar as inúmeras perspectivas filosóficas trabalhadas pelos docentes em suas aulas, trazendo a contribuição dos pensadores clássicos e fomentando novas produções significativas entre os docentes e jovens.

ATIVIDADES
As Atividades Pré-Olímpicas consistem no desenvolvimento, em todos os países participantes, de debates e ações pedagógicas em torno dos temas acima delimitados, em atividades curriculares e extracurriculares protagonizadas pelos estudantes e seus docentes, em articulação com a comunidade. Estas ações incluem também outros tipos de atividades e iniciativas que se considerem convenientes (teatro, poesia, desenho, vídeos, exposições, música, canto, etc.) conectando os temas centrais de cada evento com outras problemáticas filosóficas e com outras disciplinas.
As Atividades Olímpicas consistem num encontro entre os participantes selecionados em cada instituição ou grupo participante do processo olímpico (adesão à proposta do tema e do trabalho de reflexão filosófica)
Em um encontro de três dias, estudantes e professores reúnem-se para apresentar e debater acerca dos trabalhos produzidos nas atividades pré-olímpicas, além de produzirem material sobre a temática do encontro. Há também uma programação de palestras, oficinas e atividades artísticas e culturais. O encontro tem a seguinte estrutura básica:
a) Oficinas de debates em grupos de, no máximo, 20 jovens;
b) Produção de ensaios escritos individuais e em grupo;
c) Apresentação de trabalhos artístico-filosóficos.
Os representantes dos países elaborarão uma única proposta para apresentação no encontro e produção escrita a ser divulgada previamente no site do evento. No evento, as diversas delegações participantes terão a oportunidade de reunirem-se em grupos internacionais para aprofundamento e produção interativa.
CRONOGRAMA
Março e Abril de 2012 – Convocação via correio eletrônico / Divulgação na Internet, no site da olimpíada, das agências de fomento e da Universidade Católica de Petrópolis
Maio de 2012
Lançamento Internacional da III Olimpíada Latino Americana de Filosofia nos países/cidades participantes.
Lançamento das sugestões de conteúdo para orientação das atividades pré-olímpicas
Maio a Setembro de 2012
Realização das atividades pré-olímpicas nas instituições participantes
Agosto de 2012
Atividades pré–olímpicas entre Brasil e Uruguai no Uruguai
Atividades pré-olímpicas Rio-São Paulo em São Paulo
Atividades pré-olímpicas a serem agendadas pelos novos participantes
04, 05 e 06 de outubro – III OLIMPÍADA LATINO AMERICANA DE FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Nas Olimpíadas Filosóficas não há perdedores. Os participantes contribuem com suas capacidades individuais para enfrentar em comum os desafios propostos pelos problemas filosóficos. Não se entregam prêmios, mas recordações. As Olimpíadas Filosóficas tem seu valor na atividade em si, por isso, não são competitivas. Com este mesmo espírito se avaliará a qualidade da atuação dos participantes. Serão observados os seguintes métodos e critérios de avaliação:
a. Respeito ao diálogo filosófico.
Avaliar-se-á a participação dos docentes, que atuarão como coordenadores e observadores, e dos estudantes, valorando elementos como: capacidades e atitudes de comunicação, de escuta, de pertinência, de sínteses, de formular perguntas, de exemplificar, de perceber consequências em outros âmbitos e de prevê-las; de complementar e de suplementar ideias; de dedução, de levar em conta as contribuições dos outros, etc.
b. Respeito ao ensaio da composição filosófica.
Neste marco geral a Comissão Internacional avaliará os trabalhos realizados pelos estudantes levando em conta as seguintes pautas ou critérios: a) criatividade; originalidade; capacidade de pensamento autônomo; b) capacidade de pensamento crítico; capacidade de analisar, sintetizar, relacionar, comparar, avaliar, etc.; c) capacidade de argumentação: pertinência, consistência, coerência; d) profundidade e amplitude dos conhecimentos demonstrados; e) clareza, fluidez e correção da linguagem; f) percepção integral da unidade filosófica do trabalho.
Resultados:
Os melhores trabalhos serão publicados no site da Olimpíada Latino Americana de Filosofia
ORGANIZAÇÃO
Uma Comissão Coordenadora Internacional se encarregará da coordenação geral. Serão buscados coordenadores locais, em sua participação regional. Cada instituição educativa poderá realizar suas próprias atividades pré-olímpicas, contando com o apoio que necessite, e organizará a atividade olímpica em conjunto com o encarregado do departamento regional ou com a Comissão Coordenadora.
A participação voluntaria de Docentes que, de forma pessoal ou coletiva, organizem atividades com seus alunos, nas suas instituições educativas ou interagindo com outras; é de inestimável importância para o êxito da Olimpíada.
INSTITUIÇÃO ANFITRIÃ – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
Visando ampliar as atividades da Olimpíada, a comissão organizadora buscou a parceria com a Universidade Católica de Petrópolis para que pudesse contar com a chancela de uma Instituição no Estado do Rio de Janeiro que oferecesse credibilidade e seriedade ao evento, numa cidade com capacidade de acolher os jovens estudantes de outros países e estados com segurança e facilidade de locomoção.
Cabe à Instituição anfitriã ceder o espaço físico com todos os equipamentos necessários para a realização das atividades e certificar os participantes estudantes e docentes.
As edições anteriores foram realizadas na PUC de Porto Alegre.

INFORMAÇÕES E CONTATO
Prof. Sérgio Sardi sergioasardi@gmail.com
Prof. André Pares adpares@gmail.com
Profa. Sandra Tereja sandra.tejera@gmail.com
Prof. Luiz Pires luizcpn@hotmail.com
Prof. Atilano Beltranchini atibeltra@gmail.com
Profa. Lara Sayão  lara.sayao@ucp.br

Regulamentos, inscrições, coberturas e resultados em: http://www.olimpiadadefilosofia.org

Simpósio Internacional “Literatura e cinema: muito além da adaptação”


No  site www.lis.uff.br/simposio podemos ver  a programação completa do Simpósio Internacional “Literatura e cinema: muito além da adaptação”. Este tem como objetivo reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros em torno das diversas questões que envolvem as relações entre literatura e cinema na contemporaneidade. Para além das discussões que restringiam o diálogo entre as duas áreas aos estudos de adaptação, sobretudo da adaptação de romances, queremos colocar em evidência novos paradigmas para os estudos interartes. Nesse sentido, esse evento quer enfatizar o interesse na inter- / transdisciplinaridade, na medida em que expande as fronteiras entre os estudos de estética, comunicação, informação e tecnologia. Este Simpósio ocorrerá nos dias 26 e 27 de abril, na sala 218, Bloco C, nas dependências do prédio da Faculdade de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. As inscrições para ouvintes estão abertas através do sitewww.lis.uff.br/simposio, onde está também a programação completa do evento. O Simpósio também participa da consolidação do convênio entre a UFF e a Université Lumière Lyon2, com a vinda de Luc Vancheri.Agradecemos o apoio da Capes e da Maison de France, além dos PPGs Estudos de Literatura e PPG COM, e do LLC, pela programação visual.

O Cinema Morreu!

Texto: Ronaldo Campos


Muito já foi dito ou escrito sobre a morte da arte, o fim do cinema, o desaparecimento do livro impresso e o esgotamento da canção. O certo é que a arte, o cinema, o livro e a canção permanecerão, contudo, a maneira como eles serão produzidos, compreendidos, exibido-apresentados sofrerá grandes mudanças no tempo-espaço. O que morre é uma certa maneira de ver, de entender, de absorver, de significar essas formas artísticas. O filme (antes visto em grandes e belos cinemas por centenas de pessoas) é visto individualmente no celular, no computador, na televisão ou por pequenos grupos em salas de Shoppings.A maneira de ver (e o modo como será visto) determina mudanças na maneira de se produzir os filmes. Há uma profusão enorme de filmes inspirados em antigas séries de televisão e\ou histórias em quadrinhos, refilmagens de antigos sucessos e as intermináveis continuações (acredita-se que há mais chance do telespectador ver algo que ele já conhece ou está familiarizado). O expectador do século XXI quer consumir uma história que não exige muito esforço para assimilar. Nos filmes contemporâneos produzidos pela grande indústria, predomina a agilidade da montagem, o corte rápido, diálogos curtos e uma história simples (quase esquemática). Tudo deve ser feito para satisfazer esse consumidor que não quer perder o seu tempo com uma obra que exige muito esforço mental. Tais obras mais complicadas ficam restritas ao circuito dos grandes festivais de cinema (reparem que muitos filmes premiados nem ao menos chegam ao cinema, são exibidos no circuito de arte destinado para poucas pessoas).Eu não quero parecer saudosista. Mas o cinema (e não os filmes em si mesmo que isto fique claro) morreu! Não se faz mais filmes como antigamente e não existe mais a constelação de astros e estrelas que povoaram a imaginação de tantas pessoas por tanto tempo.Como tenho saudades desse mundo que acabou! Recordo as minhas primeiras experiências com a arte cinematográfica. Lembro-me do meu primeiro filme: “Marcelino, pão e vinho”. Rememoro o meu primeiro cinema: o Cine Odeon (na Avenida do Contorno, bairro Floresta, em Belo Horizonte).Tenho tão forte a lembrança da grande expectativa ao ir pela primeira vez num cinema. Era uma grande sala, cheia de adultos e crianças. Eu, minha tia Nenem e meu irmão sentados naquelas cadeiras duras de madeira, com o olhar fixo para as cortinas fechadas. O cheiro de pipoca, o vendedor de balas e aquela música suave ao fundo criavam um clima e uma grande expectativa para o início de toda aquela experiência.Eu já tinha visto alguns filmes pela televisão, mas nunca tinha diante dos meus olhos uma tela tão grande. E nunca tinha visto um filme com tanta gente reunida. Quando a hora do filme chegou, ao mesmo tempo em que a luz e a música diminuíam, a cortina se abre, a ansiedade aumentava, e era dado início ao filme. A luz que surge naquela imensa tela branca criava imagens em movimentos que eram um tanto quanto oníricas.Era uma janela (um portal) para outra dimensão. Naquele momento, eu não estava mais na cidade de Belo Horizonte. Estava entre os frades franciscanos que encontraram (e criaram) um bebê que foi deixado na porta do mosteiro. E a medida que o filme se desenrolava na tela, eu não apenas via (mas revivia e por que não dizer sentia todas aquelas emoções). Como me emocionei (com risos e lágrimas) diante, primeiro, das travessuras, da desobediência e da imaginação de Marcelino que levava todos no convento à loucura, depois, da solidão e da falta de amigos da sua idade para brincar, de uma família de verdade e igual a de quase todo mundo. E, por fim, o milagre.

Quando o filme terminou e as luzes acenderam, nos dirigimos para fora do cinema. Mas a magia daquela história ainda estava impregnada em mim. E foi essa magia (que me deixava desnorteado e sem saber o que era real e o que era fantasia) me vez voltar incontáveis vezes ao cinema.Até hoje quando revejo algumas cenas sou tomado por uma forte emoção. Como por exemplo, aquela cena da fuga das bicicletas no filme de Steve Spielberg. Em especial, quando a bicicleta do menino Elliot (que está com um extraterrestre) está quase sendo capturada por funcionários do governo e, no último instante, todas as bicicletas começam a voar e os nossos heróis ficam a salvo. A cena é linda! Mas, é indescritível a emoção de ver todo o cinema (eu vi no cine Jacques, na rua Tupis, onde hoje temos o tenebroso Shopping Cidade, em Belo Horizonte) aplaudindo de pé aquele momento.E pelos cinemas de Belo Horizonte me emocionei com filmes do passado e do presente. Eu nunca me esqueci dos festivais promovidos pelo Paulo Arbex, dos maravilhosos filmes de arte que descobri no cine Pathé, na Sala Humberto Mauro, no Savassi Cine-Clube e nos cinemas Liberdade, das grandes comédias e aventuras exibidas no Cine Brasil, da grandiosidade do Cine Metrópole, da simplicidade e da euforia dos cinemas de bairro (o Cine Roma, do Ipiranga, o Cine Floresta, o cine São Cristóvão...), das incontáveis vezes que me escondi do mundo espiando estrelas na escuridão de uma sala de cinema. Talvez por isso, sempre que viajo procuro por esses templos cinematográficos. Busco reencontrar aquela magia que desapareceu em Belo Horizonte.Na capital mineira, não há mais cinemas. Existem pequenas salas perdidas em grandes shoppings que exibem filmes comerciais. Nesses lugares, a preocupação maior é atrair o consumidor. É vender, vender, vender..

Outro dia, resolvi ver a versão atualizada do clássico “Branca de Neve e os sete anões” intitulada “Espelho, espelho meu” que era exibida na sala 2 do Cinemark, do Shopping Diamond. Logo, no inicio quando se  compra o ingresso, você percebe que não vai ver o filme num cinema (mas sim numa sala comercial de exibição de filmes dentro de um grande centro de compras): você compra um lugar marcado (a sala é tão pequena, mas tão pequena, que é necessário demarcar o espaço entre as pessoas). E, ao entrar nessa pequeníssima sala, o que se vê é um aglomerado de pessoas preocupadas em comprar e comer enormes baldes de pipocas e refrigerantes, em não se manter distante muito tempo dos seus celulares, tablets e afins. O filme é um simples passatempo realizado com o objetivo de manter os indivíduos por dentro dos assuntos discutidos nas redes sociais. As pessoas vão ao cinema como uma obrigação: elas têm que ver aquele filme que todos comentam no facebook ou no twiter.
O que se tem nessas salas de shopping é uma frieza, é um desrespeito com o cinema.




Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.