Aprender ou ensinar arte é criar ou ressignificar arte no contexto didático; por isso, é necessário que o aluno viva arte na escola. Ler um determinado texto (seja ela visual, sonoro ou tátil) é um processo de atribuicao de significados, isto é, quando damos inicio ao processo de decodificação das estruturas de uma obra artística estamos estabelecendo relações entre as situações que nos são impostas pela nossa realidade e de nossa atuação frente a estas questões, na tentativa de compreendê-las e solucioná-las. A leitura se torna real quando estabelecemos tais relações. Certamente, quando estamos diante de uma obra de arte, esses três momentos acima citados não aparecem de forma estanque e independente. Eles são interdependentes. Também devemos ter claro que ao interpretar uma obra estamos produzindo um diálogo com o mundo: um debate entre uma forma formada ( a obra construída concretamente pelo autor) e uma foram formante (a interpretação/ a visão que temos dessa mesma obra). E quando mais nos familiarizarmos com as obras de arte, mais ampliaremos o nosso repertorio, a nossa compreensão e conhecimento de todo o processo de produção, fruição e interpretação da obra de arte, quer seja nos museus, galerias, meios de comunicação, nas reproduções encontradas em revista e livros didáticos, pois em muitos casos os originais se encontram indisponíveis para nós brasileiros.
O que é moderno? O que é modernidade? Qual o papel da arte e da filosofia numa sociedade industrial contemporânea? Textos escolhidos e (ou) redigidos por Ronaldo Campos com o objetivo de pensar\problematizar a contemporaneidade utilizando como ferramenta a sensibilidade estética.
terça-feira, 24 de abril de 2012
domingo, 8 de abril de 2012
III OLIMPÍADA LATINO-AMERICANA DE FILOSOFIA
Com o objetivo de divulgar esse importante evento, resolvi transcrever integralmente um e-mail que recebi. Leia abaixo na integra os dados sobre a III Olimpíada de Filosofia.
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APRESENTAÇÃO DA III OLIMPÍADA LATINO-AMERICANA DE FILOSOFIA
Ao levar
em consideração que a paz, a amizade e o bom relacionamento entre os povos são
os princípios dos jogos olímpicos, professores de filosofia do Brasil e do
Uruguai empreenderam a iniciativa de promoção de um espaço para a sua
realização. Assim, com um espírito de acolhimento das diferenças, as Olimpíadas
de Filosofia pretendem convocar estudantes para um exercício de investigação
solidária, num clima que pretende ser não de competição, mas de colaboração e
de estímulo para o pensamento. Cultivando o verdadeiro espírito olímpico de
superação de si mesmo num movimento de cooperação que favoreça o crescimento de
todos, as Olimpíadas de Filosofia realizadas em cada um dos países consistem em
encontros de diálogo filosófico, apresentações artístico-filosóficas e
produções escritas individuais ou coletivas, das quais podem participar
estudantes de Educação Secundária (Ensino Médio), de Escolas Técnicas, tanto de
instituições públicas como privadas, assim como jovens não incluídos no sistema
formal de educação. Um dos objetivos da edição 2012 é atrair professores e
estudantes de outros países da América Latina, bem como dos vários Estados do
Brasil.
A
Olimpíada Latinoamericana de Filosofia corrobora das máximas da Olimpíada de
Filosofia do Uruguai:
“¡Atrévete a pensar por ti mismo!” (Kant).
“Enseñar a graduar la creencia, y a diferenciar lo que
se sabe y se comprende bien, de lo que se ignora, es tan importante, como enseñar a saber...” (Vaz Ferreira).
OBJETIVO GERAL
Na Olimpíada Latino-americana de Filosofia procura-se,
através da comunidade de indagação, incentivar o pensamento pessoal, o diálogo,
o “dar-se conta” da existência e da importância do outro, com a finalidade de
promover um encontro que gere a aproximação e o estabelecimento de um caminho
em comum, visando à superação de problemas e dilemas humanos.
A Olimpíada Latino-americana de Filosofia tem como
objetivos principais:
·
Fomentar o espírito crítico e dialógico entre os
estudantes
·
Desenvolver nos jovens cidadãos o aprimoramento das
habilidades de ler e escrever textos filosóficos, bem como de realizar diálogo
filosófico em solidariedade investigativa
·
Favorecer o questionamento acerca dos dilemas centrais
de nossos dias, cultivando uma postura filosófica diante da existência
·
Construir ambientes de intercâmbio cultural que
favoreça o desenvolvimento de uma identidade latino-americana
·
Estimular nos jovens o diálogo entre os colegas latino-americanos
e suas visões de mundo
OBJETIVOS EDUCATIVOS E FILOSÓFICOS
As Olimpíadas de Filosofia propõem como objetivos
educativos:
·
Desenvolver nos participantes: capacidades e atitudes
reflexivas e a aptidão para um pensamento autônomo
·
Expandir o pensamento criativo.
·
Aprofundar o pensamento crítico, lógico,
argumentativo, respeitoso, autocrítico, dialógico, com valores, atento ao
contexto.
·
Fomentar as habilidades necessárias para alcançar os
objetivos anteriores.
·
Promover o pensamento solidário.
·
Desenvolver as habilidades necessárias para o trabalho
de discussão e produção em grupo.
·
Impulsionar o pensamento dos problemas em
profundidade, recorrendo aos grandes textos filosóficos. Com isso, ter a
percepção e ação efetiva do e no seu contexto humano, cultural e social.
TEMÁTICA
A temática da III Olimpíada Latino-americana de
Filosofia será a discussão dedicada e séria acerca do progresso, seu custo
social e humano. A proposta é convidar os jovens a se debruçarem sobre o
conceito de progresso, discutindo suas implicações e seus desdobramentos no
contexto amplo da existência humana: Qual o custo social do progresso? O que
significa crescer?
Entendemos que tal temática é urgente e nos convoca a
todos a repensar nossa postura diante da vida, nossas escolhas diárias e nossas
relações interpessoais. A temática escolhida pelos professores organizadores
objetiva suscitar uma ampla discussão que possa abarcar as inúmeras perspectivas
filosóficas trabalhadas pelos docentes em suas aulas, trazendo a contribuição
dos pensadores clássicos e fomentando novas produções significativas entre os
docentes e jovens.
ATIVIDADES
As Atividades Pré-Olímpicas consistem no
desenvolvimento, em todos os países participantes, de debates e ações
pedagógicas em torno dos temas acima delimitados, em atividades curriculares e
extracurriculares protagonizadas pelos estudantes e seus docentes, em
articulação com a comunidade. Estas ações incluem também outros tipos de
atividades e iniciativas que se considerem convenientes (teatro, poesia,
desenho, vídeos, exposições, música, canto, etc.) conectando os temas centrais
de cada evento com outras problemáticas filosóficas e com outras disciplinas.
As Atividades Olímpicas consistem num encontro entre os participantes
selecionados em cada instituição ou grupo participante do processo olímpico (adesão
à proposta do tema e do trabalho de reflexão filosófica)
Em um encontro de três dias, estudantes e professores reúnem-se
para apresentar e debater acerca dos trabalhos produzidos nas atividades
pré-olímpicas, além de produzirem material sobre a temática do encontro. Há
também uma programação de palestras, oficinas e atividades artísticas e
culturais. O encontro tem a seguinte estrutura básica:
a) Oficinas de debates em grupos de, no máximo, 20
jovens;
b) Produção de ensaios escritos individuais e em
grupo;
c) Apresentação de trabalhos artístico-filosóficos.
Os representantes dos países elaborarão uma única
proposta para apresentação no encontro e produção escrita a ser divulgada
previamente no site do evento. No evento, as diversas delegações participantes
terão a oportunidade de reunirem-se em grupos internacionais para
aprofundamento e produção interativa.
CRONOGRAMA
Março e Abril de 2012 – Convocação via correio eletrônico / Divulgação na
Internet, no site da olimpíada, das agências de fomento e da Universidade
Católica de Petrópolis
Maio de 2012
Lançamento Internacional da III Olimpíada Latino
Americana de Filosofia nos países/cidades participantes.
Lançamento das sugestões de conteúdo para orientação
das atividades pré-olímpicas
Maio a Setembro de 2012
Realização das atividades pré-olímpicas nas
instituições participantes
Agosto de 2012
Atividades pré–olímpicas entre Brasil e Uruguai no
Uruguai
Atividades pré-olímpicas Rio-São Paulo em São Paulo
Atividades pré-olímpicas a serem agendadas pelos novos
participantes
04, 05 e 06 de outubro – III OLIMPÍADA LATINO AMERICANA DE FILOSOFIA NA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE PETRÓPOLIS
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Nas Olimpíadas Filosóficas não há perdedores. Os
participantes contribuem com suas capacidades individuais para enfrentar em
comum os desafios propostos pelos problemas filosóficos. Não se entregam
prêmios, mas recordações. As Olimpíadas Filosóficas tem seu valor na atividade
em si, por isso, não são competitivas. Com este mesmo espírito se avaliará a
qualidade da atuação dos participantes. Serão observados os seguintes métodos e
critérios de avaliação:
a. Respeito ao diálogo filosófico.
Avaliar-se-á a participação dos docentes, que atuarão
como coordenadores e observadores, e dos estudantes, valorando elementos como:
capacidades e atitudes de comunicação, de escuta, de pertinência, de sínteses,
de formular perguntas, de exemplificar, de perceber consequências em outros
âmbitos e de prevê-las; de complementar e de suplementar ideias; de dedução, de
levar em conta as contribuições dos outros, etc.
b. Respeito ao ensaio da composição filosófica.
Neste marco geral a Comissão Internacional avaliará os
trabalhos realizados pelos estudantes levando em conta as seguintes pautas ou
critérios: a) criatividade; originalidade; capacidade de pensamento autônomo;
b) capacidade de pensamento crítico; capacidade de analisar, sintetizar,
relacionar, comparar, avaliar, etc.; c) capacidade de argumentação:
pertinência, consistência, coerência; d) profundidade e amplitude dos
conhecimentos demonstrados; e) clareza, fluidez e correção da linguagem; f)
percepção integral da unidade filosófica do trabalho.
Resultados:
Os melhores trabalhos serão publicados no site da
Olimpíada Latino Americana de Filosofia
ORGANIZAÇÃO
Uma Comissão Coordenadora Internacional se encarregará
da coordenação geral. Serão buscados coordenadores locais, em sua participação
regional. Cada instituição educativa poderá realizar suas próprias atividades
pré-olímpicas, contando com o apoio que necessite, e organizará a atividade
olímpica em conjunto com o encarregado do departamento regional ou com a
Comissão Coordenadora.
A participação voluntaria de Docentes que, de forma
pessoal ou coletiva, organizem atividades com seus alunos, nas suas
instituições educativas ou interagindo com outras; é de inestimável importância
para o êxito da Olimpíada.
INSTITUIÇÃO ANFITRIÃ – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE
PETRÓPOLIS
Visando ampliar as atividades da Olimpíada, a comissão
organizadora buscou a parceria com a Universidade Católica de Petrópolis para
que pudesse contar com a chancela de uma Instituição no Estado do Rio de
Janeiro que oferecesse credibilidade e seriedade ao evento, numa cidade com
capacidade de acolher os jovens estudantes de outros países e estados com
segurança e facilidade de locomoção.
Cabe à Instituição anfitriã ceder o espaço físico com
todos os equipamentos necessários para a realização das atividades e certificar
os participantes estudantes e docentes.
As edições anteriores foram realizadas na PUC de Porto
Alegre.
INFORMAÇÕES E CONTATO
Simpósio Internacional “Literatura e cinema: muito além da adaptação”
No site www.lis.uff.br/simposio podemos ver a programação completa do Simpósio Internacional “Literatura e cinema: muito além da adaptação”. Este tem como objetivo reunir pesquisadores brasileiros e estrangeiros em torno das diversas questões que envolvem as relações entre literatura e cinema na contemporaneidade. Para além das discussões que restringiam o diálogo entre as duas áreas aos estudos de adaptação, sobretudo da adaptação de romances, queremos colocar em evidência novos paradigmas para os estudos interartes. Nesse sentido, esse evento quer enfatizar o interesse na inter- / transdisciplinaridade, na medida em que expande as fronteiras entre os estudos de estética, comunicação, informação e tecnologia. Este Simpósio ocorrerá nos dias 26 e 27 de abril, na sala 218, Bloco C, nas dependências do prédio da Faculdade de Letras da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói. As inscrições para ouvintes estão abertas através do sitewww.lis.uff.br/simposio, onde está também a programação completa do evento. O Simpósio também participa da consolidação do convênio entre a UFF e a Université Lumière Lyon2, com a vinda de Luc Vancheri.Agradecemos o apoio da Capes e da Maison de France, além dos PPGs Estudos de Literatura e PPG COM, e do LLC, pela programação visual.
O Cinema Morreu!
Texto: Ronaldo Campos
Muito já foi dito ou escrito sobre a morte da arte, o fim do cinema, o desaparecimento do livro impresso e o esgotamento da canção. O certo é que a arte, o cinema, o livro e a canção permanecerão, contudo, a maneira como eles serão produzidos, compreendidos, exibido-apresentados sofrerá grandes mudanças no tempo-espaço. O que morre é uma certa maneira de ver, de entender, de absorver, de significar essas formas artísticas. O filme (antes visto em grandes e belos cinemas por centenas de pessoas) é visto individualmente no celular, no computador, na televisão ou por pequenos grupos em salas de Shoppings.A maneira de ver (e o modo como será visto) determina mudanças na maneira de se produzir os filmes. Há uma profusão enorme de filmes inspirados em antigas séries de televisão e\ou histórias em quadrinhos, refilmagens de antigos sucessos e as intermináveis continuações (acredita-se que há mais chance do telespectador ver algo que ele já conhece ou está familiarizado). O expectador do século XXI quer consumir uma história que não exige muito esforço para assimilar. Nos filmes contemporâneos produzidos pela grande indústria, predomina a agilidade da montagem, o corte rápido, diálogos curtos e uma história simples (quase esquemática). Tudo deve ser feito para satisfazer esse consumidor que não quer perder o seu tempo com uma obra que exige muito esforço mental. Tais obras mais complicadas ficam restritas ao circuito dos grandes festivais de cinema (reparem que muitos filmes premiados nem ao menos chegam ao cinema, são exibidos no circuito de arte destinado para poucas pessoas).Eu não quero parecer saudosista. Mas o cinema (e não os filmes em si mesmo que isto fique claro) morreu! Não se faz mais filmes como antigamente e não existe mais a constelação de astros e estrelas que povoaram a imaginação de tantas pessoas por tanto tempo.Como tenho saudades desse mundo que acabou! Recordo as minhas primeiras experiências com a arte cinematográfica. Lembro-me do meu primeiro filme: “Marcelino, pão e vinho”. Rememoro o meu primeiro cinema: o Cine Odeon (na Avenida do Contorno, bairro Floresta, em Belo Horizonte).Tenho tão forte a lembrança da grande expectativa ao ir pela primeira vez num cinema. Era uma grande sala, cheia de adultos e crianças. Eu, minha tia Nenem e meu irmão sentados naquelas cadeiras duras de madeira, com o olhar fixo para as cortinas fechadas. O cheiro de pipoca, o vendedor de balas e aquela música suave ao fundo criavam um clima e uma grande expectativa para o início de toda aquela experiência.Eu já tinha visto alguns filmes pela televisão, mas nunca tinha diante dos meus olhos uma tela tão grande. E nunca tinha visto um filme com tanta gente reunida. Quando a hora do filme chegou, ao mesmo tempo em que a luz e a música diminuíam, a cortina se abre, a ansiedade aumentava, e era dado início ao filme. A luz que surge naquela imensa tela branca criava imagens em movimentos que eram um tanto quanto oníricas.Era uma janela (um portal) para outra dimensão. Naquele momento, eu não estava mais na cidade de Belo Horizonte. Estava entre os frades franciscanos que encontraram (e criaram) um bebê que foi deixado na porta do mosteiro. E a medida que o filme se desenrolava na tela, eu não apenas via (mas revivia e por que não dizer sentia todas aquelas emoções). Como me emocionei (com risos e lágrimas) diante, primeiro, das travessuras, da desobediência e da imaginação de Marcelino que levava todos no convento à loucura, depois, da solidão e da falta de amigos da sua idade para brincar, de uma família de verdade e igual a de quase todo mundo. E, por fim, o milagre.
Quando o filme terminou e as luzes acenderam, nos dirigimos para fora do cinema. Mas a magia daquela história ainda estava impregnada em mim. E foi essa magia (que me deixava desnorteado e sem saber o que era real e o que era fantasia) me vez voltar incontáveis vezes ao cinema.Até hoje quando revejo algumas cenas sou tomado por uma forte emoção. Como por exemplo, aquela cena da fuga das bicicletas no filme de Steve Spielberg. Em especial, quando a bicicleta do menino Elliot (que está com um extraterrestre) está quase sendo capturada por funcionários do governo e, no último instante, todas as bicicletas começam a voar e os nossos heróis ficam a salvo. A cena é linda! Mas, é indescritível a emoção de ver todo o cinema (eu vi no cine Jacques, na rua Tupis, onde hoje temos o tenebroso Shopping Cidade, em Belo Horizonte) aplaudindo de pé aquele momento.E pelos cinemas de Belo Horizonte me emocionei com filmes do passado e do presente. Eu nunca me esqueci dos festivais promovidos pelo Paulo Arbex, dos maravilhosos filmes de arte que descobri no cine Pathé, na Sala Humberto Mauro, no Savassi Cine-Clube e nos cinemas Liberdade, das grandes comédias e aventuras exibidas no Cine Brasil, da grandiosidade do Cine Metrópole, da simplicidade e da euforia dos cinemas de bairro (o Cine Roma, do Ipiranga, o Cine Floresta, o cine São Cristóvão...), das incontáveis vezes que me escondi do mundo espiando estrelas na escuridão de uma sala de cinema. Talvez por isso, sempre que viajo procuro por esses templos cinematográficos. Busco reencontrar aquela magia que desapareceu em Belo Horizonte.Na capital mineira, não há mais cinemas. Existem pequenas salas perdidas em grandes shoppings que exibem filmes comerciais. Nesses lugares, a preocupação maior é atrair o consumidor. É vender, vender, vender..
Outro dia, resolvi ver a versão atualizada do clássico “Branca de Neve e os sete anões” intitulada “Espelho, espelho meu” que era exibida na sala 2 do Cinemark, do Shopping Diamond. Logo, no inicio quando se compra o ingresso, você percebe que não vai ver o filme num cinema (mas sim numa sala comercial de exibição de filmes dentro de um grande centro de compras): você compra um lugar marcado (a sala é tão pequena, mas tão pequena, que é necessário demarcar o espaço entre as pessoas). E, ao entrar nessa pequeníssima sala, o que se vê é um aglomerado de pessoas preocupadas em comprar e comer enormes baldes de pipocas e refrigerantes, em não se manter distante muito tempo dos seus celulares, tablets e afins. O filme é um simples passatempo realizado com o objetivo de manter os indivíduos por dentro dos assuntos discutidos nas redes sociais. As pessoas vão ao cinema como uma obrigação: elas têm que ver aquele filme que todos comentam no facebook ou no twiter.O que se tem nessas salas de shopping é uma frieza, é um desrespeito com o cinema.
Muito já foi dito ou escrito sobre a morte da arte, o fim do cinema, o desaparecimento do livro impresso e o esgotamento da canção. O certo é que a arte, o cinema, o livro e a canção permanecerão, contudo, a maneira como eles serão produzidos, compreendidos, exibido-apresentados sofrerá grandes mudanças no tempo-espaço. O que morre é uma certa maneira de ver, de entender, de absorver, de significar essas formas artísticas. O filme (antes visto em grandes e belos cinemas por centenas de pessoas) é visto individualmente no celular, no computador, na televisão ou por pequenos grupos em salas de Shoppings.A maneira de ver (e o modo como será visto) determina mudanças na maneira de se produzir os filmes. Há uma profusão enorme de filmes inspirados em antigas séries de televisão e\ou histórias em quadrinhos, refilmagens de antigos sucessos e as intermináveis continuações (acredita-se que há mais chance do telespectador ver algo que ele já conhece ou está familiarizado). O expectador do século XXI quer consumir uma história que não exige muito esforço para assimilar. Nos filmes contemporâneos produzidos pela grande indústria, predomina a agilidade da montagem, o corte rápido, diálogos curtos e uma história simples (quase esquemática). Tudo deve ser feito para satisfazer esse consumidor que não quer perder o seu tempo com uma obra que exige muito esforço mental. Tais obras mais complicadas ficam restritas ao circuito dos grandes festivais de cinema (reparem que muitos filmes premiados nem ao menos chegam ao cinema, são exibidos no circuito de arte destinado para poucas pessoas).Eu não quero parecer saudosista. Mas o cinema (e não os filmes em si mesmo que isto fique claro) morreu! Não se faz mais filmes como antigamente e não existe mais a constelação de astros e estrelas que povoaram a imaginação de tantas pessoas por tanto tempo.Como tenho saudades desse mundo que acabou! Recordo as minhas primeiras experiências com a arte cinematográfica. Lembro-me do meu primeiro filme: “Marcelino, pão e vinho”. Rememoro o meu primeiro cinema: o Cine Odeon (na Avenida do Contorno, bairro Floresta, em Belo Horizonte).Tenho tão forte a lembrança da grande expectativa ao ir pela primeira vez num cinema. Era uma grande sala, cheia de adultos e crianças. Eu, minha tia Nenem e meu irmão sentados naquelas cadeiras duras de madeira, com o olhar fixo para as cortinas fechadas. O cheiro de pipoca, o vendedor de balas e aquela música suave ao fundo criavam um clima e uma grande expectativa para o início de toda aquela experiência.Eu já tinha visto alguns filmes pela televisão, mas nunca tinha diante dos meus olhos uma tela tão grande. E nunca tinha visto um filme com tanta gente reunida. Quando a hora do filme chegou, ao mesmo tempo em que a luz e a música diminuíam, a cortina se abre, a ansiedade aumentava, e era dado início ao filme. A luz que surge naquela imensa tela branca criava imagens em movimentos que eram um tanto quanto oníricas.Era uma janela (um portal) para outra dimensão. Naquele momento, eu não estava mais na cidade de Belo Horizonte. Estava entre os frades franciscanos que encontraram (e criaram) um bebê que foi deixado na porta do mosteiro. E a medida que o filme se desenrolava na tela, eu não apenas via (mas revivia e por que não dizer sentia todas aquelas emoções). Como me emocionei (com risos e lágrimas) diante, primeiro, das travessuras, da desobediência e da imaginação de Marcelino que levava todos no convento à loucura, depois, da solidão e da falta de amigos da sua idade para brincar, de uma família de verdade e igual a de quase todo mundo. E, por fim, o milagre.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
Ética
Ronaldo Campos
A Ética: é uma parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e de injusto, abrangido as normas morais e as normas jurídicas.
As normas morais surgem quando as questões éticas são colocadas pelos indivíduos ou grupos sociais e respondidas apenas por suas consciências (individual e coletiva). As normas da sociedade são os meios pelos quais os valores morais de uma sociedade são expressos e adquirem um caráter normativo, isto é, obrigatório. Normas, normativo, normal, moral e costumes são palavras que estão interligadas em torno da questão ética.
Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma norma prática. E, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.
O conceito ética, que vem do grego ethos, mas de um modo geral é comum usar o conceito de ética e moral como sinônimos ou, quando muito, a ética é definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou então os princípios que norteiam estas práticas.Quando se diferencia a ética da moral, geralmente visa-se distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e convenção social dos princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. Assim, o conceito de ética é usado aqui para se referir à teoria sobre a prática moral. Ética seria então uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral dimensão prática.
Não é raro na história o surgimento de filósofos ou profetas que propõem um sistema ético criticando a moral vigente e propondo uma revolução nos valores e normas estabelecidas da sociedade.
Nós somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas morais para possibilitar a convivência social, porque somos seres não determinados pela natureza ou pelo destino/Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos a diferença entre o ser e o dever-se e a vontade de construir um futuro diferente e melhor do que o presente. Para esta construção não bastam boas intenções, mas também um controle sobre os efeitos não intencionais das nossas ações e o conhecimento de que o questionamento moral pressupõe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da coletividade.
A consciência ética que surge desse conjunto é diferente de uma simples assimilação de valores e normas morais vigentes na sociedade. Ela surge com a "desconfiança" de que os valores morais da sociedade – ou os meus – encobrem algum interesse particular não confessável ou inconsciente que rompe com as próprias causas geradoras da moral. Ou então surge da desconfiança de que interesses imediatos e menores são colocados acima dos objetivos maiores, os interesses particulares acima do bem da coletividade, ou que é negada aos seres humanos a sua liberdade e a sua dignidade em nome de valores petrificados ou de pseudoteorias.
Ética é para nós uma dimensão que nos permite o questionamento sobre as práticas, atitudes, regras e ações humanas. Para que este questionamento seja possível é necessário saber qual o critério que estamos usando para avaliar a ação humana. O critério que assumimos é a própria vida humana. Partimos do princípio de que as sociedades existem para garantir a sobrevivência dos seres humanos e, mais do que isso, uma existência digna com acesso a tudo que seja necessário ao seu pleno desenvolvimento.
A função social da moral é exatamente contribuir na obtenção desse objetivo, normalizando as relações entre os seres humanos entre si, com a comunidade e com a natureza. Sendo assim, a vida deve ser o critério para avaliar as atitudes da sociedade e dos indivíduos. Além desse critério devemos considerar que a ética exige mudanças de atitudes. Hoje mais do que nunca a humanidade se dá conta de que vivemos em um mundo globalizado, onde as ações de um repercutem diretamente na vida dos outros. Esta constatação é mais visível quando pensamos nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra, que são todos problemas onde as repostas individuais ou grupais não conseguem resposta construída com a participação de todos os grupos envolvidos. O que exige a construção de uma ética com princípios e valores aceitos por todos e válidos para todos, apesar de todas as diferenças.Igualmente distante do individualismo e do essencialismo está a ética da responsabilidade. Nessa perspectiva cada grupo social determina consensualmente os padrões de conduta que devem ser seguidos pelos indivíduos desse grupo. Estes padrões, porém, não devem ser vistos como universais e imutáveis, mas sim relativos a cada situação determinada e sempre sujeitos a mudanças, caso a comunidade as julgue necessárias.
A Ética: é uma parte da filosofia que busca refletir sobre o comportamento humano sob o ponto de vista das noções de bem e de mal, de justo e de injusto, abrangido as normas morais e as normas jurídicas.
As normas morais surgem quando as questões éticas são colocadas pelos indivíduos ou grupos sociais e respondidas apenas por suas consciências (individual e coletiva). As normas da sociedade são os meios pelos quais os valores morais de uma sociedade são expressos e adquirem um caráter normativo, isto é, obrigatório. Normas, normativo, normal, moral e costumes são palavras que estão interligadas em torno da questão ética.
Quando todos aceitam os costumes e os valores morais estabelecidos na sociedade não há necessidade de muita discussão sobre eles. Mas quando surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, surge a necessidade de fundamentar teoricamente estes valores vividos de uma norma prática. E, para aqueles que não concordam, a de criticá-los.
O conceito ética, que vem do grego ethos, mas de um modo geral é comum usar o conceito de ética e moral como sinônimos ou, quando muito, a ética é definida como o conjunto das práticas morais de uma determinada sociedade, ou então os princípios que norteiam estas práticas.Quando se diferencia a ética da moral, geralmente visa-se distinguir o conjunto das práticas morais cristalizadas pelo costume e convenção social dos princípios teóricos que as fundamentam ou criticam. Assim, o conceito de ética é usado aqui para se referir à teoria sobre a prática moral. Ética seria então uma reflexão teórica que analisa e critica ou legitima os fundamentos e princípios que regem um determinado sistema moral dimensão prática.
Não é raro na história o surgimento de filósofos ou profetas que propõem um sistema ético criticando a moral vigente e propondo uma revolução nos valores e normas estabelecidas da sociedade.
Nós somos seres morais e as comunidades humanas sempre criaram sistemas de valores e normas morais para possibilitar a convivência social, porque somos seres não determinados pela natureza ou pelo destino/Deus. E no processo de conquista da liberdade e do nosso ser descobrimos a diferença entre o ser e o dever-se e a vontade de construir um futuro diferente e melhor do que o presente. Para esta construção não bastam boas intenções, mas também um controle sobre os efeitos não intencionais das nossas ações e o conhecimento de que o questionamento moral pressupõe um conflito entre interesse imediato e a longo prazo e entre interesse particular e o da coletividade.
A consciência ética que surge desse conjunto é diferente de uma simples assimilação de valores e normas morais vigentes na sociedade. Ela surge com a "desconfiança" de que os valores morais da sociedade – ou os meus – encobrem algum interesse particular não confessável ou inconsciente que rompe com as próprias causas geradoras da moral. Ou então surge da desconfiança de que interesses imediatos e menores são colocados acima dos objetivos maiores, os interesses particulares acima do bem da coletividade, ou que é negada aos seres humanos a sua liberdade e a sua dignidade em nome de valores petrificados ou de pseudoteorias.
Ética é para nós uma dimensão que nos permite o questionamento sobre as práticas, atitudes, regras e ações humanas. Para que este questionamento seja possível é necessário saber qual o critério que estamos usando para avaliar a ação humana. O critério que assumimos é a própria vida humana. Partimos do princípio de que as sociedades existem para garantir a sobrevivência dos seres humanos e, mais do que isso, uma existência digna com acesso a tudo que seja necessário ao seu pleno desenvolvimento.
A função social da moral é exatamente contribuir na obtenção desse objetivo, normalizando as relações entre os seres humanos entre si, com a comunidade e com a natureza. Sendo assim, a vida deve ser o critério para avaliar as atitudes da sociedade e dos indivíduos. Além desse critério devemos considerar que a ética exige mudanças de atitudes. Hoje mais do que nunca a humanidade se dá conta de que vivemos em um mundo globalizado, onde as ações de um repercutem diretamente na vida dos outros. Esta constatação é mais visível quando pensamos nos problemas ecológicos, no racismo e na guerra, que são todos problemas onde as repostas individuais ou grupais não conseguem resposta construída com a participação de todos os grupos envolvidos. O que exige a construção de uma ética com princípios e valores aceitos por todos e válidos para todos, apesar de todas as diferenças.Igualmente distante do individualismo e do essencialismo está a ética da responsabilidade. Nessa perspectiva cada grupo social determina consensualmente os padrões de conduta que devem ser seguidos pelos indivíduos desse grupo. Estes padrões, porém, não devem ser vistos como universais e imutáveis, mas sim relativos a cada situação determinada e sempre sujeitos a mudanças, caso a comunidade as julgue necessárias.
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Quem sou eu
- Arte, Filosofia e Modernidade
- Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
- Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.