O que é moderno? O que é modernidade? Qual o papel da arte e da filosofia numa sociedade industrial contemporânea? Textos escolhidos e (ou) redigidos por Ronaldo Campos com o objetivo de pensar\problematizar a contemporaneidade utilizando como ferramenta a sensibilidade estética.
domingo, 25 de outubro de 2009
A noite está desgovernada
A noite está desgovernada
(texto Ronaldo Campos)
A grande colunista e jornalista, Mônica Bergamo, do jornal a Folha de S. Paulo, resolveu escrever sobre a noite paulistana. Em primeiro lugar, ela não é a Erica Palomina nos áureos tempos da coluna do mesmo jornal Noite Ilustrada. Enquanto esta última, procurava mostrar tendências e radiografava os elementos básicos de uma geração. A Palomino fazia um jornalismo atual e instigante. Ela nos mostrava uma nova face da sociedade e da juventude que ia surgindo. Nada mais moderno!
E a minha colunista favorita da Folha o que ela anda fazendo?
Eu quando li pensei que o I. Sued tinha (re)nascido das trevas. Eu acho que posso explicar... Será????
Hoje, domingo (dia 25 de Outubro), a dona Mônica Bergamo resolveu dar uma página inteira para a inauguração do clube privado do colunista social televisivo Amaury Júnior. E destacou como título uma frase do colunista da rede TV: "A sociedade está desgovernada!"
Como assim???
Será que a sociedade está desgovernada em virtude dos ataques entre policia e bandidos no Rio de Janeiro? Ou será que esse desgoverno é em relação a corrupção ou a falta de investimentos sociais no nosso país?
Como todos devem imaginar o desgoverno que tanto preocupa o senhor Amaury não tem fundo social, cultural ou econômico. Afinal de contas, ele só se preocupa com assuntos leves, quase frugais....
O desgoverno é a invasão dos não-chics ou dos novos ricos na sofisticada noite paulistana. Ele (e seus amigos da mais fina sociedade) não devem suportar que no Fasano alguém que não tem bons modos (mas que possui dinheiro para estar lá) possa usufruir algo que é (ou era até bem pouco tempo atrás) exclusividade de uns poucos.
Por isto, eles (ele mais sete sócios) resolveram fundar um clube privativo. Segundo a jornalista Bergamo, o tal colunista televisivo vai usar "o veto hitleriano". Essa expressão está entre aspas pois foi atribuída ao jornalista da rede TV. Eu fiquei em estado de choque com essa expressão, afinal de contas, como numa época em que lutamos pela igualdade de oportunidades e por uma sociedade mais inclusiva, como um formador de opinião pode espalhar a ideia de que a exclusão é a única forma de ser feliz aqui no nosso país. Essa atitude de meia dúzias de ricos (ou de pessoas que pensam ser ricas) pode justificar outras formas de exclusão na nossa sociedade.
Podemos pensar que uma forma de tornar a sociedade mais governável é colocar cada um no seu lugar. Ou seja, excluir o pobre ou sem etiqueta dos locais onde os ricos e bem nascidos frequentam. Ou seja, para esse senhor jornalista a noite está desgovernada porque há pessoas que não sabem o seu lugar. Esse veto que ele pretende usar vai recolocar as coisas no lugar?
Se eles queriam fazer algo exclusivo que façam e não divulguem nada. Eu acredito que se eles querem fazer um brunche que faça, mas não precisa fazer divulgação!
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Quem sou eu
- Arte, Filosofia e Modernidade
- Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
- Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.
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