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sábado, 30 de agosto de 2008

మొదేర్నిదడే నో బ్రసిల్

A modernidade no Brasil não pode ser concebida como um processo linear, ufanista e excessivamente coerente, alinhavando precursores/ desbravadores/ consolidadores. Pelo contrário, no decorrer da sua história é possível afirmar que nesse processo ocorreu (com características bastante peculiares) “alguma forma de Modernidade", que incluiria desde o debate neocolonial aos primórdios de um certo racionalismo construtivo; um "Modernismo Programático", proselitista, de fontes formais centro-européias.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Bibliografia Básica para uma pesquisa sobre arte, cultura e Modernidade Brasileira

Bibliografia Básica para uma pesquisa sobre arte, cultura e Modernidade Brasileira

ALMEIDA, Paulo M. De Anita ao Museu. São Paulo: Perspectiva, 1976.
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AMARAL, Aracy Projeto Construtivo Brasileiro na Arte. Rio de Janeiro: MEC/FUNART, 1976. AMARAL, Aracy. Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira (1930-1974). São Paulo: Nobel, 1984.
AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. São Paulo: Perspectiva, 1972.
AMARAL, Aracy. Tarsila, sua obra e seu tempo. São Paulo: Perspectiva, 1975.
AMARAL, Aracy. (org.) Correspondência Mário de Andrade & Tarsila do Amaral. São Paulo: Edusp, 2001.
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ANDRADE, Mário de. Aspectos das Artes Plásticas no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984.
ANDRADE, Mário de. Ensaio sobre a música brasileira. São Paulo: Martins, 1972.
ANDRADE, Mário de. Música do Brasil. São Paulo: Guairá, 1941.
ANDRADE, Mário de. O Tupi e o Alaúde. São Paulo: Duas Cidades, 1979.
ANDRADE, Mário de. Pequena História da Música. São Paulo: Martins, 1958.
ANDRADE, Mário de. Aspectos da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Americ, 1943.
ARAUJO, Olívio Tavares de. Brasil: Psicanálise e Modernismo. São Paulo: MASP-Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, s/d.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte e Crítica de Arte. Lisboa: Estampa, 1979.
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna; do Iluminismo aos Movimentos Contemporâneos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
ARGAN, Giulio Carlo. “As fontes da Arte Moderna. In: Novos Estudos Cebrap. São Paulo, nº 18, p.49-56, setembro de 1987.
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BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
BAYER, R. História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, 1979.
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BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política – Ensaios sobre literatura e História da Cultura.São Paulo: Brasiliense, 1996.
BERGER, John. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Cia das Letras, 1989.
BOAVENTURA, Maria Eugenia (org.). 22 por 22; A Semana de Arte Moderna vista pelos seus contemporâneos. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
BRADBURY, Malcom; MCFARLANE, James (orgs.) Modernismo; Guia Geral. São Paulo: Cia. das Letras, 1989.
BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1958.
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BRITO, Ronaldo. O Moderno e o contemporâneo (o novo e o outro novo). Rio de Janeiro: FUNARTE, 1980.
CAMPOS, Haroldo de. A arte no horizonte do provável. São Paulo: Perspectiva, 1975.
CANDIDO, Antônio. “A Revolução de 1930 e a Cultura. In: Novos Estudos Cebrap. São Paulo, v.2 nº04, p. 27-36, abril de 1984.
CANDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. São Paulo: T A/Publifolha, 2000.
CANTON, Kátia. Novíssima Arte Brasileira – Um guia de tendências. São Paulo: Iluminuras, 2001.
CARPEAUX, Otto Maria. O livro de ouro da História da Música – Da Idade Média ao Século XX. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
CELSO, Afonso. Por que me ufano de meu país. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1997.
CHAUI, Marilena. Brasil, Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2000.
CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência; aspectos da cultura popular brasileira. São Paulo: Brasiliense, 1986.
CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CHIPP, H. B. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
COELHO, Teixeira. Moderno, Pós-moderno. Porto Alegre:L&PM, 1986.
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COLI, Jorge. O enigma do olhar. In: NOVAES, Adauto (org.). O olhar. São Paulo: Cia das Letras, 1988.
CORSI, Francisco Luiz. Estado Novo; política externa e projeto nacional. São Paulo: UNESP/FAPESP, 1997.
D’ARAUJO, Maria Celina. As instituições da Era Vargas. Rio de Janeiro: Ed. UERJ/ Ed. FGV, 1999.
DORFLES, G. Elogio da Desarmonia. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
DORFLES, G. Novos ritos, novos mitos. Lisboa: Edições 70, s/d.
DUFRENNE, M. Estética e as ciências da arte. Lisboa: Livraria Bertrand, 1982.
DUFRENNE, M. Estética e filosofia. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1981.
DUFRENNE, M. Phénoménologie de l’expérience esthétique. Paris: PUF, 1953. 2v.
EACLETON, Terry. A Ideologia da Estética. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
ECO, Umberto. A definição de arte. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
ECO, Umberto. Apocalipticos e Integrados. São Paulo: Perspectiva, 1970.
ECO, Umberto. Obra aberta. São Paulo: Perspectiva, 1970.
FABRIS, Annateresa. Modernidade e modernismo no Brasil. Campinas: Mercado de Letras, 1994.
FERRY, Luc. Homo Aestheticus. São Paulo: Ensaio, 1994.
FISCHER, Ernest. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
FOCILLON, Henri. A vida das formas. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GADAMER, Hans-Georg. Veritá e metodo. Milão: Bompiani, 1983.
GANDILLAC, Maurice de. Gêneses da Modenidade. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.
GARDNER, James. Cultura ou Lixo? – Uma visão provocativa da arte contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
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GIVONE, S. Historia de la estética. Madri: Editorial Tecnos, 1990.
GRASSI, E. Arte como antiarte. São Paulo: Duas Cidades, 1975.
GULLAR, Ferreira. Argumentação contra a morte da arte. Rio de Janeiro: Revan, 1993.
GULLAR, Ferreira. Vanguarda e Subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969.
GULLAR, Ferreira. Cultura posta em questão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
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HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre Jou, 1972. 2v.
HAUSER, Arnold. Teorias da arte. Lisboa: Editorial Presença, 1973.
HEARTHEY, Eleanor. Pós-Modernismo. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
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LYOTARD, J. F. O Pós-Moderno. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
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TOURAINE, Alain. Crítica da Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1998.
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WISNIK, José Miguel. O coro dos contrários; a música em torno da Semana de 22. São Paulo: Duas Cidades, 1977.
ZANINI, Walter. História Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães/Instituto Moreira Salles, 1983.
ZILIO, Carlos. A querela do Brasil. Rio de Janeiro: Funarte, 1992.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

...

és como a flor de laranjeira /

que apesar de invisível aos olhos /

penetra nas narinas do moribundo /

e é delícia, tudo na vida /

por uns segundos

...

దే దే: antonio gamoneda - in 'o livro do frio'

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Forma e Formatividade - Aspectos introdutórios da estética pareysoniana (texto de Ronaldo Campos)

Forma e Formatividade - Aspectos introdutórios da estética pareysoniana

Ronaldo Campos

A estética pareysoniana nasce e se desenvolve no terreno da hermenêutica. O conceito de formatividade é o seu tema central e este, como será mostrado no decorrer deste capítulo, possui fundamentalmente um caráter interpretativo, que gera por sua vez um conceito de arte como lugar privilegiado da interpretação da verdade. Para Pareyson, a pesquisa sobre a verdade é em sua totalidade uma pesquisa de cunho histórico, que pode ser sintetizada nos seguintes termos: Qual é a verdadeira solução para um determinado problema histórico? Não se trata aqui de empreender uma busca que tenha por objetivo o estabelecimento arbitrário de um valor único que se adequa a todos os casos possíveis, visto que os problemas históricos mudam continuamente, não se repetem e são infinitos. Entretanto, a historicidade e a relatividade de cada evento histórico não podem prejulgar a imutabilidade, a unicidade e as características de absoluto. Então, a verdadeira solução referente a diversidade dos problemas históricos será ao mesmo tempo infinita, pois infinitos são os problemas históricos, e única, porque esta é a única solução possível de um dado problema histórico.

“O caráter absoluto da verdade e a historicidade da verdade não constituem uma radical contradição: pelo contrário, uma não é possível sem a outra. Cada filosofia é ao mesmo tempo definitiva e histórica: definitiva porque não se pode suprimir da pesquisa histórica a exigência do caráter absoluto da verdade, pois o seu valor especulativo reside no seu valor de verdade; histórica, porque insuperável é a situação histórica de onde emerge o problema e porque o problema que tem que ser respondido é historicamente determinado.”[1]

A coessencialidade entre o caráter absoluto da verdade — que como postulado, guia a pesquisa — e a condicionalidade histórica da verdade — que como fato condiciona a pesquisa —, não é outra coisa senão a marca de uma coessencialidade mais profunda, ou seja, a da afirmação do ser e da minha identidade com os problemas históricos. A afirmação do Ser é uma afirmação pessoal, neste sentido histórica, “... porque eu mesmo sou uma afirmação do ser enquanto sou existente na perspectiva do ser”: não posso afirmar o ser senão quando me afirmo enquanto sou, nem posso afirmar o que sou senão quando afirmo o ser. Pareyson aqui redimensiona duas questões bem distintas, primeiro, o problema da verdade como sendo eminentemente ontológico, segundo, o problema da pesquisa acerca da verdade como especificamente histórico. O caminho encontrado está na valorização da natureza interpretativa e múltipla do conhecimento humano.
Portanto, a problemática referente a pesquisa pareysoniana da verdade “...não é exclusivamente gnoseológica, mas principalmente metafísica ou melhor ontológica”[2], pois a filosofia é o trabalho pessoal do filosofo. Assim diferentemente da verdade, a filosofia não pode ser considerada como única, inexaurível e supra-temporal, uma vez que enquanto conhecimento humano e interpretação da verdade, o saber filosófico é de per si plural e histórico, singular e pessoal.

“A filosofia é una — não única — e o que assegura essa unidade é uma espécie de diálogo, através do qual a verdade é buscada sob diferentes perspectivas. Cada filosofia responde a determinados problemas, sendo sempre historicamente situada, sem que com isso ocorra qualquer comprometimento da universalidade e unidade de suas conclusões: são ‘livres possibilidades’ da filosofia una, cada uma das quais absoluta e definitiva. A multiplicidade da filosofia não implica que o caráter de suas conclusões seja empírico, nem tampouco sua universalidade implica o reconhecimento de uma conclusão como negação dos demais.”[3]
Em suma, a filosofia é aprofundamento, interpretação, explicação de uma singular perspectiva pessoal, ou seja, é o conhecimento da vida mesma do indivíduo. “Cada pessoa é uma singularíssima perspectiva acerca da realidade: que traz consigo uma chave para interpretar o mundo, única e diferente das outras”.[4] E como não nos é dada a possibilidade de alcançar a forma definitiva e total da verdade, cada formulação histórica é por seu turno a verdade mesma e a sua interpretação faz parte da sua constituição. Uma única formulação da verdade não consegue exaurir todo o seu conteúdo, porque a sua natureza é essencialmente aberta a múltiplas interpretações.
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NOTAS
[1] PAREYSON. Esistenza e persona, p. 150.
[2] RUSSO. Esistenza e libertà, p.167.

[3] ABDO. Arte e historicidade na estética de Luigi Pareyson, p.194.

[4] PAREYSON. Esistenza e pernsona, p.153.

Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.