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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A rã de Salamanca



Fotos by Ronaldo Campos



Diante de uma catedral deslumbrante, foi proposto que descobrisse em qual lugar havia um pequeno sapo. Na verdade, não é um sapo e sim uma pequena rã. Essa famosa rã é  um baixo relevo da fachada da Universidade, está sobre um crâneo e, segundo a tradição, garante ao estudante que a descobrir, no meio do delírio exposto na pedra, boa sorte nos estudos e bom casamento. Se é assim que dizem, espero ter muito mais sorte nos meus estudos e quem sabe também no amor. Contudo, não sei se isso é verdade, mas o ato de procurar acaba por nos levar a contemplação de cada detalhe  dessa magnifica obra arquitetônica.



                                         Foto by Ronaldo Campos (San Sebastina - Espanha, 2011)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

o Brasil é o lugar do improviso, do provisório. Daquilo que não foi feito para durar, ter memória ou fazer história

Quantas vezes somos surpreendidos ao retornar num determinado lugar. Simplesmente, não conseguimos mais reconhecer nada ali. Afinal, em nome do progresso, quase tudo foi destruído. No bairro Floresta (Belo Horizonte, Minas Gerais), os belos casarões estão sendo substituídos por prédio imensos e sem nenhum estilo. O pior é que na construção desses prédios não se leva em consideração nem a segurança de quem trabalha ou de quem mora nas proximidades. É muito comum ver algo caindo sobre as casas. Hoje, aconteceu algo mais grave. O andaime que teimava por subir 19 andares simplesmente caiu. E acabou matando um operário e ferindo outro. Foi constatado (segundo a imprensa televisiva) que nenhum dos dois usava qualquer material de segurança. É o que acontece... As grandes empreeteiras destroem casas antigas com uma avidez violenta (pois, temem que algum órgão ligado ao patrimônio possa impedir a construção) e também constroem com a mesma avidez (não pensam nem na segurança).
E depois que esses monstros em forma de prédio forem construídos... Centenas de famílias irão morar num bairro que não tem mais infra estrutura para abrigar tanta gente e tantos carros.
Na Europa, a situação parece diferente. Se no bairro Floresta, eu não posso mais ver a casa onde viveu por algum tempo o poeta e músico Noel Rosa (afinal de contas, tal casa foi destruída e não pode ser transformada mais em centro cultural), em Lisboa, posso entrar numa confeitaria que a gerações encanta milhares de pessoas. Posso ouvir um fado no mesmo local que Amália Rodrigues cantava. Posso me sentar no bar onde Fernando Pessoa ia. E assim por diante...
No final, o que posso dizer é que o Brasil é o lugar do improviso, do provisório. Daquilo que não foi feito para durar, ter memória ou fazer história.

Fotos Pastelaria de Belém em Lisboa (foto by Ronaldo Campos)




segunda-feira, 22 de agosto de 2011

imagens urbanas


Fotos by Ronaldo Campos
(Rio de Janeiro, 2011)






Uma cidade como o Rio de Janeiro mais parece uma galeria de arte. Muitos artistas excluídos do mercado tradicional de arte, fazem intervenções na cidade. Com imagens xerocadas e muita tinta, imagens e ideias são apresentadas para todos. Mas num mundo marcado pelo excesso de informações, tais imagens acabam passando desapercebidas. E como a sua existência é muito efêmera, tal imagem desaparece sem ser notada. É substituída por outra e por outra.... 



Imagem de uma cidade (des)coberta

Fotos by Ronaldo Campos (Rio de Janeiro, 2011)




A vida deveria existir ali. Mas a vida há muito se perdeu. Ninguém mora mais nessas casas. A medida em a cidade foi crescendo alguns lugares foram perdendo o seu valor. Mais e mais pessoas foram buscando construir a sua vida em lugares onde poderiam se distanciar do outro. Surgiram os condomínios: cercados e vigiados, as pessoas se sentiam mais seguras, pois nunca mais veriam um pobre na rua ou algum mais abusado. Entre os muros do condomínio, viveriam felizes sem o contado com os diferentes. Será mesmo....
Se descobriram a verdadeira felicidade, eu não sei. Só sei que não aprenderam a lidar com a diferença. Não aprenderam a trabalha a tolerância e o respeito a diferença.
E aquelas regiões que foram abandonadas.... Ou foram ocupadas pelos excluídos que na marginalidade aprenderam a se tornar marginais. Ou foram simplesmente abandonas e esperando a ação do tempo para desaparecer no tempo. Quantas casas estão se deteriorando a espera do esquecimento da memória para quando não mais existirem darem lugar a algo novo que objetive gerar mais e mais capital.
Alguns artistas resolveram mostrar que essas regiões marcadas para serem esquecidas resolveram usar a arte para marcar a sua presença na cidade. Das imagens religiosas que mostram o nosso sincretismo até imagens de cenas prosaicas do dia a dia. Em suma, é preciso retomar a cidade. É preciso retomar a praça pública. É preciso descobrir o significado da res publica (da coisa pública), da república. 


Lisboa: rua Tomas Ribeiro - os grafites e o esquecimento do passado




                                          (Fotos by Ronaldo Campos, Lisboa, julho de 2011)

Em Lisboa, na rua Tomas Ribeiro (próxima da Praça Marquês de Pombal), vi algo que acreditava que só existiria em países, onde a memória é desprezada. A rua citada (segundo uma antiga moradora) era ocupada por grandes casarões em estilos clássico (neo-clássico) e eclético. Mas com o desenvolvimento da cidade essas construções foram abandonadas, a maioria destruídas e substituídas por (feios e) modernos edifícios. Essa rua (diferentemente do restante da parte histórica de Lisboa que é muito bem conservada) é a marca do descaso com o Patrimônio. Provavelmente, isto deve ocorrer uma vez que em Portugal, como no Brasil, as construções do século XIX e início do século XX, não são consideradas artisticamente e historicamente importantes. Nessa rua, há alguns edifícios que foram abandonados. Diferentemente,  quando um edifício ou casa  é abandonado no Brasil, logo logo é ocupado por bandidos, drogados e desocupados de maneira geral. Aqui na nossa terra essas casas abandonadas tornam-se lugares perigosos. Lá, em Lisboa, não há perigo algum. Pelo contrário, esses lugares que poderiam tornar a cidade mais e mais feia, foram integrados na cena urbana pela arte do grafite. Esses artistas urbanos criaram figuras e formas que de modo lúdico tornava o que era para ser feio em algo belo que pode ser contemplado.




Quem sou eu

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Graduado nos cursos de Filosofia e História pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Filosofia da Arte e Estética pela mesma Universidade. Atualmente sou professor assistente b do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH). Tenho experiência na área de Filosofia, com ênfase em História e Filosofia da Arte, atuando principalmente nos seguintes temas: fundamentos filosóficos da educação, introdução ao pensamento científico e filosofia da ciência, cinema e artes visuais, aspectos formais da arte, criatividade, processo de criação, estética da formatividade de Luigi Pareyson, cultura e modernidade brasileira.